Os esforços para acabar com o tráfico de espécies selvagens protegidas são "insuficientes", de acordo com um relatório da ONU publicado nesta segunda-feira (13), que destaca, no entanto, um declínio na caça ilegal de espécies "emblemáticas" como elefantes e rinocerontes.
"De forma geral, o comércio ilegal não diminuiu muito nas últimas duas décadas", afirma o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), com sede em Viena, Áustria.
O relatório pede aos países que "apliquem de forma mais eficaz a legislação, especialmente as leis anticorrupção", para combater "os poderosos grupos criminosos organizados" por trás do tráfico.
A proporção de apreensões relacionadas com o tráfico ilegal no comércio mundial de espécies selvagens aumentou desde 2017, "atingindo os níveis mais altos durante a pandemia de covid-19 em 2020 e 2021", escreve a organização neste documento de cerca de 170 páginas.
As espécies da fauna e flora afetadas pelo tráfico ilegal representariam "de 1,4% a 1,9% do total" do comércio mundial nesse período, "em comparação com entre 0,5% e 1,1% nos quatro anos anteriores".
"Não há redução, o que significa que não estamos no caminho certo" para erradicar o tráfico, disse à AFP o pesquisador Steven Broad, que participou do estudo.
Uma boa notícia é que, na última década, em relação à caça furtiva, os níveis de apreensão e os preços de mercado do marfim de elefantes e chifres de rinocerontes caíram consideravelmente.
Infelizmente, "algumas das espécies mais afetadas, como orquídeas, plantas suculentas, répteis, peixes, pássaros e mamíferos, não chamam a atenção do público", apesar de "o tráfico parecer ter desempenhado um papel importante em sua extinção em escala local ou global", acrescenta.
O estudo é baseado em estatísticas de 140 mil apreensões entre 2015 e 2021 em 162 países e territórios que afetam cerca de 4 mil espécies vegetais e animais.
Os corais (16%) ocupam o primeiro lugar, seguidos pelos crocodilianos (jacarés, crocodilos...).
Este relatório da ONU é o terceiro publicado sobre o tráfico da vida selvagem, após os de 2016 e 2020.
* AFP