A final do popular festival de música Eurovision começou neste sábado (11) na cidade sueca de Malmö, onde cerca de cem manifestantes foram dispersos pela polícia ao se reunirem perto do local do evento para protestar contra a participação de Israel.
A performance da cantora israelense Eden Golan, uma das favoritas nas casas de apostas para vencer o concurso, foi recebida com uma mistura de vaias e aplausos na Malmö Arena.
O concurso tem sido rodeado por polêmicas, depois de permitir a participação de Israel apesar dos múltiplos apelos para excluir o país devido à sua ofensiva contra a Faixa de Gaza.
A milhares de quilômetros de distância, Tal Bendersky, de 23 anos, foi a um bar gay em Tel Aviv para mostrar seu apoio a Golan. Ganhar a competição demonstraria que "talvez não somos tão odiados, e que a música realmente prevaleceu".
A interpretação de Baby Lasagna, o grande favorito croata com seus gatos de neon, foi ovacionada pelos 9.000 espectadores presentes na arena.
Do lado de fora, a polícia dispersou manifestantes que seguravam bandeiras palestinas e gritavam "Palestina livre".
Em Malmö, onde vive a maior comunidade de origem palestina da Suécia, mais de 5.000 pessoas, segundo a polícia, se reuniram pacificamente para protestar contra a participação israelense.
"Não somos contra o Eurovision, mas contra a participação de Israel. Não queremos a sua representante (...) por causa do que está acontecendo em Gaza", declarou o aposentado sueco Ingemar Gustavsson.
À controvérsia sobre Israel, juntou-se um incidente com o representante neerlandês, Joost Klein, que foi desclassificado pela organização do concurso na manhã deste sábado, após ter sido denunciado por um membro da equipe de produção.
A emissora neerlandesa Avrotros disse que Klein foi desclassificado por um "movimento ameaçador em direção a um operador de câmera" enquanto se dirigia ao vestiário após a semifinal.
O cantor "indicou diversas vezes que não queria ser filmado. Isso não foi respeitado", acrescentou Avrotros, especificando que "Joost não tocou no operador de câmera".
A organizadora União Europeia de Radiodifusão justificou anteriormente a sua decisão devido aos acontecimentos que estavam sob investigação da polícia sueca.
De acordo com a Avrotros, a expulsão foi "desproporcional". Agora serão 25 países, e não mais 26, disputando o primeiro lugar do concurso, conquistado pela Suécia na última edição.
- Pedidos de boicote -
Malmö, a terceira maior cidade sueca, com 360.000 habitantes, estava à espera da chegada de cerca de 100.000 fãs de 90 países, coincidindo com o 50º aniversário da icônica vitória do grupo sueco ABBA no Eurovision com o sucesso "Waterloo".
A representante israelense, de 20 anos, garantiu sua vaga na final na quinta-feira com a música "Hurricane", cuja versão inicial teve que ser modificada por ser considerada muito política devido às suas aparentes referências ao ataque do Hamas em 7 de outubro que desencadeou a guerra em Gaza.
A polêmica chegou às instâncias políticas. Ministros da França e da Alemanha consideraram "inaceitáveis" os apelos ao boicote, mas na Espanha, o parceiro minoritário do governo de esquerda pediu a "expulsão de Israel".
A União Europeia de Radiodifusão insiste na natureza apolítica do concurso, no entanto, o conflito em Gaza tem sido o protagonista desta 68ª edição.
Na performance de abertura da primeira semifinal na terça-feira, o cantor sueco Eric Saade subiu ao palco com um lenço palestino amarrado ao redor do pulso.
Na Bélgica, os sindicatos da rede de televisão pública flamenga, VRT, interromperam a transmissão neste sábado para condenar as "violações dos direitos humanos por parte do Estado de Israel", assim como fizeram na quinta durante a segunda semifinal.
* AFP