A polícia da Geórgia, uma ex-república soviética, reprimiu nesta terça-feira (30) uma manifestação na capital Tbilisi contra um controvertido projeto de lei que, segundo a União Europeia (UE), é incompatível com a candidatura do país ao bloco comunitário.
Policiais da tropa de choque interromperam o protesto, agredindo e detendo dezenas de pessoas, constatou um jornalista da AFP.
Os participantes do protesto, que acontece pela terceira semana consecutiva, se reuniram diante do Parlamento em rejeição a um projeto de lei sobre "influência estrangeira", considerado contrário aos direitos humanos.
A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, afirmou que o texto colocava em perigo as pretensões da Geórgia de se tornar membro do bloco.
O partido no poder, Sonho Georgiano, tenta aprovar o texto desde 9 de abril, após uma tentativa fracassada no ano passado devido a protestos.
Os opositores do projeto alegam que o texto é inspirado na lei russa de "agentes estrangeiros", usada para silenciar a dissidência.
Os deputados georgianos analisaram o projeto de lei em segunda leitura nesta terça e o partido governante espera aprová-lo antes de meados de maio.
"Eles têm medo porque veem nossa determinação", afirmou à AFP Natia Gabissonia, uma manifestante de 21 anos. "Não vamos deixar que aprovem esta lei russa e enterrem nosso futuro europeu", acrescentou.
Outras manifestações foram registradas em Batumi, a segunda maior cidade do país, e em Kutaisi, segundo a mídia independente Formula TV.
Milhares de pessoas participaram de uma contramanifestação na véspera, organizada em frente ao Parlamento pelo Sonho Georgiano.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou que o projeto de lei não era compatível com o desejo da Geórgia de se tornar membro do bloco.
Em dezembro, a UE concedeu ao país do Cáucaso o status oficial de candidato à adesão, mas advertiu que teria que fazer reformas em seus sistemas judicial e eleitoral, fortalecer a liberdade de imprensa e limitar o poder dos oligarcas, antes que as negociações pudessem ser oficialmente iniciadas.
* AFP