Neste domingo (15), o Equador elegerá sua primeira presidente mulher ou o mandatário mais jovem da história do país. Às 17h locais (19h em Brasília), serão fechadas as urnas para a escolha de Luísa González, pupila do ex-presidente Rafael Correa (que comandou o país entre 2007 e 2017) ou de Daniel Noboa, filho de um dos homens mais ricos do país.
A campanha foi marcada pela violência. González e Noboa votaram com coletes à prova de balas. Fernando Villavicencio, um dos candidatos à presidência no primeiro turno, foi morto a tiros ao deixar um comício em Quito em 9 de agosto, dias antes da votação.
Sete dos presos por envolvimento no assassinato foram mortos em diferentes prisões do país. Por volta de 100 mil militares e policiais estão mobilizados em todo o país para garantir a segurança do pleito.
O dia da votação, entretanto, começou tranquilo. A titular do Conselho Nacional Eleitoral, Diana Atamaint, garantiu que, por volta das 18h30 locais (20h30 em Brasília) serão divulgados os primeiros resultados.
Violência
Nos últimos anos, o Equador se transformou em um centro de operação de cartéis do tráfico de drogas com tentáculos internacionais, em confrontos que geraram milhares de mortes. Grupos vinculados a cartéis mexicanos e colombianos disputam o mercado da droga e usam as prisões como centro logístico. As penitenciárias também têm sido palco de massacres violentos. Desde 2021, mais de 460 detentos morreram nesses motins.
— É uma eleição crítica. O que mais preocupa é o tema da insegurança e do crime organizado —, disse à AFP Freddy Escobar, um cantor popular de 49 anos, que acrescentou: — Vou votar com medo.
Entretanto, eleitores mostram outras preocupações para além do crime organizado.
— Mais do que a segurança, as maiores preocupações são o emprego e a economia — disse à AFP a farmacêutica Carolina Guerrero, de 44 anos.
A pobreza atinge 27% da população, em um país dolarizado, enquanto a soma dos índices de desemprego e subemprego chega a 26%.
Panorama eleitoral
No primeiro turno, Noboa obteve 23% dos votos contra 34% de González. Sem maioria absoluta no Congresso, qualquer um que vencer terá dificuldade para colocar suas propostas em prática.
— O palpite é que o Equador triunfe, ou seja, que vença a Revolução Cidadã — disse González aos jornalistas ao chegar a uma seção eleitoral do pequeno povoado costeiro de Canuto (sudoeste) para depositar seu voto.
González e Noboa se comprometeram a enfrentar o crime e as organizações do narcotráfico. Entre 2018 e 2022, os homicídios quadruplicaram no país e chegaram a 26 para cada 100 mil habitantes. Este ano, especialistas estimam que chegue a 40.
— Talvez me matem — disse Noboa em entrevista à AFP, após avançar para o segundo turno.
O vencedor deste domingo governará o Equador por quase 17 meses, para concluir o mandato presidencial de Guillermo Lasso, o líder de direita que dissolveu o Congresso e convocou eleições antecipadas para escapar de um processo de impeachment por corrupção.