Na pequena cidade israelense de Nahariya, a poucos quilômetros da tensa fronteira com o Líbano, judeus, muçulmanos e cristão esperam tranquilamente que os peixes mordam as iscas que jogaram ao mar.
Enquanto isso, um barco "zodiac" preto com soldados armados patrulha a costa desta região à beira do Mediterrâneo. Outros militares percorrem a pé as margens desta localidade, onde o Exército estacionou cerca de 20 veículos blindados.
Desde a sangrenta ofensiva do grupo terrorista Hamas no sul de Israel, que deixou ao menos 1,4 mil mortos, a possibilidade de uma intervenção terrestre israelense na Faixa de Gaza parece cada vez mais próxima. Além de uma ocasional ação do Hezbollah.
— Aqui, a única religião é a pesca. Somos todos irmãos e se o Hezbollah atirar, nos protegeremos no mesmo refúgio — diz o judeu Shlomo Louski, 90 anos.
Perto dele, Bilal conta que vai de Acre a Nahariya todos os dias.
— Sou muçulmano. O que o Hamas fez a estas mulheres e crianças, aos jovens que dançavam (no festival de música eletrônica) é horrível. Para mim, não são muçulmanos — declara.
Ele carinhosamente coloca o braço em volta dos ombros de Shlomo.
— Este homem? Ele é como meu pai e eu sei que sou como seu filho. Esses bárbaros não serão capazes de mudar isso — acrescenta o homem de 34 anos. — Parece que os peixes têm mais medo do Hezbollah do que nós... Não pescamos nada desde esta manhã — lamenta, olhando para o balde vazio.
Mariana, uma jovem que frequenta o local com seu marido, acredita que o ataque lançado pelo Hamas não mudará a dinâmica nesta pequena cidade litorânea.
— Somos como uma grande família. Todos os dias nos reunimos pela manhã por volta das 7h e ficamos aqui para pescar até que o sol esteja alto no céu — diz.
Lev, um pescador de 80 anos, diz com orgulho que nasceu na capital ucraniana de Kiev. Desde que se aposentou, divide o seu tempo nesta localidade israelense entre duas paixões: a pesca e a pintura.
— Na Ucrânia, sabemos o que é a barbárie. Existiram os nazistas e agora existe Vladimir Putin. Hamas? É como Hitler e Putin juntos — diz ele.
— Deus ama este país. Esta é a terra de Jesus e de Abraão. Não nos decepcionarão. Continuaremos pescando lindos peixes aqui — acrescenta Mariana, enquanto um comboio com enormes tanques passa nas proximidades.
Desde o ataque do grupo Hamas, Israel estreitou o cerco na Faixa de Gaza, onde os bombardeios israelenses mataram 2.750 pessoas, incluindo 700 crianças, de acordo com autoridades locais.