Criticado por manter a viagem à Índia para participar da reunião de líderes do grupo das 20 maiores economias do globo (G20) e não visitar locais de enchente no Rio Grande do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou a tragédia causada no Estado em seu primeiro discurso na cúpula. Cada participante tinha três minutos de fala e a previsão é a de que o brasileiro fale novamente na tarde de hoje e também amanhã.
O chefe do Executivo disse que o aquecimento global modifica o regime de chuvas e eleva o nível dos mares e que as secas, enchentes, tempestades e queimadas se tornam mais frequentes e minam a segurança alimentar e energética.
— Agora mesmo no Brasil, o Estado do Rio Grande do Sul foi atingido por um ciclone que deixou milhares de desabrigados e dezenas de vítimas fatais — relatou aos demais presentes.
Lula iniciou seu discurso na Sessão I, Um planeta Terra, mencionando que, quando olhou por meio da escotilha de sua nave, e viu pela primeira vez o planeta Terra em toda a sua plenitude, o cosmonauta Yuri Gagarin disse que "a Terra é azul". Gagarin foi um astronauta russo, país que hoje não está entre os mais bem-vindos do G20 por causa da guerra na Ucrânia. O presidente Vladimir Putin, inclusive, não participa do evento pela segunda edição consecutiva.
Fazendo um afago ao país anfitrião, que bateu o recorde mundial de visualizações simultâneas na internet durante a transmissão de um foguete para a Lua, o mandatário brasileiro salientou que sete décadas depois, as fotografias enviadas pela Chandrayaan-3 que a Índia pousou recentemente no polo sul do satélite da Terra não deixam dúvidas de que, vista do alto, a Terra "continua azul e linda".
O presidente criticou, porém, o descompromisso do mundo com o meio ambiente e disse que esse comportamento leva a uma situação de "emergência climática sem precedentes".
— Se não agirmos com sentido de urgência, esses impactos serão irreversíveis — disse Lula.
O brasileiro salientou que os efeitos da mudança do clima não são sentidos por todos da mesma forma:
— São os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes, os mais impactados.
Após Índia, Indonésia e Brasil, falaram na cúpula União Africana, Argentina, Austrália, Canadá, China e Comissão Europeia. Na sequência, vieram Conselho Europeu, França, Alemanha, Itália, Japão e Coreia.