A logística das primárias da oposição venezuelana para escolher o adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 2024 registra "avanços substanciais" em meio aos desafios políticos e judiciais, disseram os organizadores nesta quinta-feira (27).
"Seguimos adiante com a organização das primárias. Neste momento, estamos concentrando todos os esforços na definição dos centros de votação [...], houve avanços substanciais", disse aos jornalistas Jesús María Casal, presidente da comissão responsável por organizar a votação interna da oposição, marcada para 22 de outubro.
A declaração de Casal acontece após a renúncia de uma das integrantes da comissão, a vice-presidente María Carolina Uzcátegui, que alegou em uma carta que "não estão dadas as condições técnicas e logísticas" para que o processo "seja uma consulta ampla" que cubra todo o país de 30 milhões de habitantes.
A renúncia de Uzcátegui fez com que os olhos se voltassem à logística das primárias, um processo ameaçado por enormes desafios políticos e judiciais, com a inabilitação dos principais concorrentes - como a ex-deputada María Corina Machado e o duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles - e uma impugnação perante o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que busca bloqueá-lo.
"Vamos ter um número de centros que estará dentro da faixa que havíamos estipulado e compartilhado com os diferentes atores políticos [...], no mínimo 2.500 e no máximo 3.500", disse Casal.
Em junho, os organizadores descartaram o apoio técnico do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), depois que as autoridades desse órgão renunciaram em bloco, o que dirigentes opositores denunciaram como uma manobra para atrapalhar o caminho das prévias.
Nas eleições para governador e prefeito de 2021, o CNE instalou 14.262 centros de votação para 21 milhões de eleitores aptos a votar.
A logística vai além da "quantidade de centros", comenta o jornalista e especialista eleitoral Eugenio Martínez. "Não depende apenas da quantidade, mas de sua localização, que as primárias transcendam os bastiões opositores tradicionais" e o voto não se limite a "núcleos urbanos muito específicos".
Nas primárias da oposição de 2012, nas quais foi escolhido um candidato para enfrentar o falecido Hugo Chávez e participaram mais de 3 milhões de eleitores (16,7% do padrão eleitoral naquela época), foram habilitados 3.707 centros.
Após a renúncia de Uzcátegui, dirigentes políticos expressaram apoio à organização.
"Nosso acompanhamento e apoio aos que corajosamente continuam defendendo o avanço das primárias", publicou na rede social X, o antigo Twitter, o partido político de Machado, Vamos Venezuela. Capriles, por sua vez, pediu que as preocupações manifestadas pela ex-vice-presidente sejam "atendidas" para "poder avançar".
* AFP