Mais de 200 pessoas morreram no Malawi e em Moçambique, vítimas do ciclone Freddy que atingiu o sul da África pela segunda vez, um número que praticamente dobrou desde ontem, disseram as autoridades nesta terça-feira (14).
As autoridades moçambicanas registaram 20 mortos e 24 feridos, enquanto o Malawi, o país que até agora pagou o preço mais elevado pelo retorno do ciclone tropical, soma pelo menos "190 mortos, 584 feridos e 37 desaparecidos", informou em comunicado a agência nacional de gestão de desastres.
O ciclone desencadeou chuvas torrenciais, que provocaram inundações e deslizamentos de terra no país, um dos mais pobres do continente.
Na capital comercial, Blantyre, muitas pessoas morreram em consequência desses deslizamentos de terra, que destruíram casas feitas principalmente de barro e tijolos.
O assentamento irregular de Chilobwe, na periferia da cidade, foi um dos mais afetados e contabiliza quase metade das vítimas.
No total, cerca de 59.000 pessoas foram afetadas pelo ciclone, e mais de 19.000, deslocadas, depois de terem suas casas destruídas, ou inundadas.
O saldo pode aumentar ainda mais, à medida que os esforços de busca e resgate avançam.
- "Ninguém ajuda" -
"Nos sentimos impotentes, e ninguém ajuda a gente", disse à AFP John Witman, de 80 anos, nos subúrbios de Chilobwe, perto de Blantyre.
Este senhor procura o genro, que desapareceu no desabamento de sua casa após o aumento repentino das águas.
Os moradores estão convencidos de que há dezenas de corpos debaixo da lama. Ontem, famílias e socorristas escavavam entre os escombros com as próprias mãos.
O hospital da região está "sobrecarregado com a chegada dos feridos", alertou em um comunicado a ONG Médicos Sem Fronteiras, que teme um novo surto de cólera.
Depois de tocar o solo na noite de sábado, pela segunda vez, em Moçambique, deixando dez mortos, Freddy se dirigiu para o sul do vizinho Malawi na madrugada de segunda-feira.
Freddy atingiu o sul da África pela primeira vez no final de fevereiro, depois de se formar no noroeste da Austrália. Após uma trajetória inédita de mais de 10.000 km de leste a oeste do Oceano Índico, tocou o solo de Madagascar e atingiu Moçambique. O balanço de vítimas era, então, de 17 mortos.
Seguindo uma trilha circular incomum, o ciclone voltou a afetar a costa de Madagascar na semana passada.
Freddy pode se tornar o ciclone tropical de maior duração já registrado, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência das Nações Unidas. O tufão John durou 31 dias em 1994.
* AFP