A Rússia rejeitou "categoricamente" todas as acusações vinculadas à descoberta de um grande número de cadáveres de civis em Bucha, perto de Kiev, afirmou nesta segunda-feira (4) o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
— Rejeitamos categoricamente todas as acusações — declarou à imprensa, antes de afirmar que funcionários do ministério russo da Defesa encontraram sinais de "falsificações nos vídeos" e de "fakes" nas imagens apresentadas pelas autoridades ucranianas como provas de um massacre atribuído à Rússia.
— Com base no que vimos, não é possível confiar nestas imagens de vídeo — afirmou Peskov, antes de acrescentar que "esta informação deve ser seriamente questionada".
O porta-voz pediu aos líderes estrangeiros que não façam "acusações precipitadas" contra Moscou e "ao menos escutem os argumentos russos".
— A Rússia deseja e exige que isto seja objeto de discussões internacionais — acrescentou Peskov.
A Rússia anunciou que pediu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU devido às "odiosas provocações" cometidas, segundo Moscou, pela Ucrânia em Bucha.
Zelensky fala em "genocídio"
Os países ocidentais e a Ucrânia acusaram, no domingo (3), as tropas russas de "crimes de guerra" depois que as valas comuns contendo centenas de corpos foram descobertas em cidades perto de Kiev.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, acusou a Rússia de cometer "genocídio" de civis no país e responsabilizou as autoridades russas.
— Quero que todos os líderes da Federação Russa vejam como suas ordens estão sendo executadas. Esse tipo de ordem. Esse tipo de cumprimento. E há uma responsabilidade comum. Por esses assassinatos, pelas torturas, pelos braços arrancados nas explosões, pelos tiros na nuca — denunciou.
Já para a ONU, que pede uma investigação independente e preservação de provas, a descoberta de valas comuns levanta sérias questões sobre possíveis crimes de guerra. No entanto, também disse que não pode ser descartado que os corpos incluíssem os de "soldados ucranianos ou russos mortos durante as hostilidades".
— Estou profundamente chocado com as imagens de civis assassinados em Bucha, na Ucrânia — disse o secretário-geral da entidade, António Guterres.