O Papa Francisco promulgou neste sábado (19) uma nova constituição para o Vaticano. O regimento reestrutura o órgão de governo, introduzindo mais transparência financeira e ampliando a participação de mulheres e laicos.
A nova constituição, batizada de "Praedicate evangelium", entra em vigor em 5 de junho. Ela reforma partes da Cúria Romana (o governo do Vaticano) e substitui a "Pastor Bonus, promulgada em 1988 por João Paulo II.
Entre as principais mudanças estão a possibilidade de laicos e mulheres católicas chefiarem departamentos do Vaticano, além da instituição de uma comissão consultiva que acompanhará as investigações sobre casos de abuso sexual na Igreja.
Evangelização
O documento incorpora muitas reformas já aplicadas pelo papa argentino, mas também contém algumas novidades, como o desejo de expandir o catolicismo para além de seus 1,3 bilhão de fiéis. A constituição "Praedicate evangelium", de 52 páginas, cria neste sentido um novo dicastério (ministério) para a evangelização, que será presidido pelo próprio Francisco.
Ao se tornar o "evangelizador-chefe", o papa está efetuando uma "mudança tectônica em direção a uma igreja mais pastoral e missionária", disse David Gibson, diretor do Centro de Religião e Cultura da Universidade Fordham, no Twitter.
Nessa linha, o papa afirmou que todo cristão batizado é missionário:
— Não se pode deixar de levar isso em conta na atualização da Cúria, cuja reforma deve garantir a participação de laicos e mulheres, inclusive em funções governamentais e de responsabilidade.
"O papa Francisco vem trabalhando em uma nova estrutura organizacional para o Vaticano há nove anos. É um aspecto importante de seu legado", disse Joshua McElwee, do National Catholic Reporter, no Twitter.
Proteção de menores
O texto, que foi publicado no nono aniversário do pontificado de Francisco, também acrescenta a Comissão do Vaticano para a Proteção de Menores — um órgão consultivo papal — ao dicastério que supervisiona as investigações internas de casos de abuso sexual do clero.
Segundo o cardeal Sean O'Malley, que preside a Comissão, trata-se de um "avanço significativo" que dará peso institucional à luta contra um flagelo que assola a Igreja em todo o mundo.
Para Marie Collins, vítima que fez parte da comissão antes de 2017, quando renunciou devido à forma como a Igreja enfrentou a crise, é um retrocesso.
"A Comissão perdeu oficialmente qualquer aparência de independência", disse no Twitter.
* AFP