Os líderes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) se iniciaram nesta quinta-feira (3) uma reunião de cúpula em Gana, marcada pela ausência de Mali, Guiné e Burkina Faso), que foram suspensos após os golpes militares dos últimos meses.
O oeste da África foi abalado por quatro golpes militares em 18 meses: dois no Mali, um na Guiné e o mais recente, há menos de dez dias, em Burkina Faso. Todos os três países são afetados pela presença de grupos jihadistas ativos militarmente.
Os três países são afetados pela presença de grupos jihadistas ativos. Além disso, na terça-feira fracassou uma tentativa de golpe em Guiné-Bissau, uma revolta que deixou 11 mortos, segundo o governo.
Burkina Faso deve ocupar um lugar importante no encontro de Acra, após a visita a Uagadugu de duas delegações de representantes da região para se reunir com seu novo líder, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba.
A ministra das Relações Exteriores de Gana, Shirley Ayorkor Botchwey, celebrou na segunda-feira (31) discussões "muito francas" com a junta, que se mostrou "muito aberta a sugestões e propostas" feitas pela Cedeao.
Ela e outros membros da delegação tiveram acesso ao presidente deposto Roch Marc Christian Kaboré, mantido em prisão domiciliar. De acordo com a delegação, que exigiu sua libertação, ele está "muito bem".
O tenente-coronel Damiba está "calmo, sereno e muito receptivo", confirmou um diplomata que também se reuniu com ele. Uma incógnita é se Burkina Faso, Mali e Guiné conseguirão evitar sanções mais importantes.
Na semana passada, após sua única declaração pública desde o golpe, Damiba assegurou que seu país "precisa mais do que nunca de seus parceiros internacionais". Desde 2015, Burkina sofre recorrentes ataques jihadistas.
O encontro na capital de Gana também deve abordar a situação no Mali, vizinho de Burkina e também alvo de movimentos jihadistas.
Em janeiro, a Cedeao aplicou severas sanções contra a junta do coronel Assimi Goita. Ele chegou ao poder com um primeiro golpe de Estado, em agosto de 2020, e foi empossado presidente "da transição" após outro golpe, em maio de 2021.
- Tensões Europa-Mali -
As medidas, que incluem o fechamento de fronteiras da Cedeao e um embargo a trocas comerciais e transações financeiras, punem os militares por seu projeto de governar por vários anos e pelo descumprirem sua promessa de organizar eleições em fevereiro, de modo a restabelecer o poder civil.
Nos últimos dias, aumentaram as tensões entre a junta militar do Mali e os sócios do grupo europeu de forças especiais Takuba, liderado pela França para combater células jihadistas na região.
A Alemanha considerou que o envolvimento militar europeu deve ser reavaliado, após a expulsão do embaixador da França de Bamako.
Desde o movimento pela independência e as insurreições jihadistas em 2012, o Mali está exposto às atividades de grupos afiliados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico, assim como à violência de todo o tipo cometida por milícias autoproclamadas de autodefesa e pela criminalidade comum. Até as forças regulares são acusadas de abusos.
Também suspensa dos órgãos da Cedeao, a Guiné deve ser outro tópico da pauta da cúpula da organização. O coronel Mamady Doumbouya, no poder desde um golpe instituído em setembro, e outros membros de sua junta são alvo de sanções.
O militar prometeu devolver o poder aos civis, mas recusa a receber a imposição de um prazo para levar essa transição adiante.
Sete chefes de Estado comparecem ao encontro de cúpula: os presidentes do Níger, Gâmbia, Benin, Togo, Costa do Marfim e Serra Leoa, recebidos pelas autoridades de Gana.
Várias autoridades viajarão em seguida para Adis Abeba para uma reunião de cúpula da União Africana na capital da Etiópia.
* AFP