"Para vocês, o que é a liberdade de expressão?". Escolas da França homenagearam nesta sexta-feira (15) Samuel Paty, um professor decapitado há um ano por mostrar caricaturas de Maomé em aula.
Minutos de silêncio, debates em aula sobre a liberdade de expressão ou sobre o direito às críticas, exibição de documentários sobre o secularismo... as homenagens adotaram formas diferentes em cada centro educativo.
Em Villeneuve-d'Ascq (norte), os alunos do colégio Raymond-Queneau debateram durante uma hora sobre a liberdade de expressão.
— Vocês se sentem livres para se expressarem no dia a dia sem ferir outros? — perguntou aos seus alunos de 15 anos Anne-Sophie Branque, professora de Geografia e História.
— Samuel Paty deu uma aula falando do profeta — disse Chaymae, uma aluna. — Não, deu uma aula sobre a liberdade de expressão utilizando caricaturas do Charlie Hebdo como exemplo — corrigiu a professora.
Em 16 de outubro de 2020, Paty, professor de Geografia e História de 47 anos, foi decapitado perto da escola onde trabalhava por Abdoullakh Anzorov, um refugiado checheno que foi morto pela polícia logo depois.
O jovem de 18 anos, que acusava Paty de ter mostrado caricaturas de Maomé em aula, soube da polêmica por um vídeo na internet de Brahim Chnina, pai de uma aluna da escola.
A adolescente mentiu para seu pai, dizendo a ele que foi punida por protestar, segundo ela, contra um pedido de Paty aos alunos muçulmanos para que se identificassem durante a aula.
É "muito difícil" explicar às crianças o que aconteceu em 16 de outubro de 2020, mas "é importante dizer a verdade", afirmou a ministra Frédérique Vidal, responsável pela universidades, à France Info.
Seu colega da Educação, Jean-Michel Blanquer, já alertou que se essas homenagens forem "perturbadas", os alunos responsáveis serão "punidos".
— Existe a vontade de homenageá-lo dignamente — disse Sophie Vénétitay, secretária-geral do principal sindicato de Ensino Médio Snes-FSU, que destacou a crescente "emoção" entre os professores na véspera do primeiro aniversário de sua morte.
No sábado, um ato será organizado no ministério da Educação na presença do primeiro-ministro Jean Castex e dos familiares de Paty, os quais o presidente Emmanuel Macron receberá horas depois no Palácio do Eliseu.
No mesmo dia será inaugurada uma praça Samuel Paty em frente à Universidade Sorbonne, em uma cerimônia que a prefeitura de Paris deseja que seja simples e coletiva.