Os líderes dos países da Comunidade Econômica da África Ocidental (Cedeao) decidiram nesta quarta-feira (8) suspender a Guiné nos órgãos decisórios da organização e enviar uma missão na quinta a este país após um golpe militar no domingo, informou um ministro que participa de sua cúpula virtual.
A Cedeao "decidiu suspender a Guiné de todas as suas instâncias e pede que estas decisões sejam endossadas pela União Africana e pelas Nações Unidas", disse a jornalistas em Uagadugu o ministro das Relações Exteriores de Burkina Faso, Alpha Barry, após sua participação na cúpula por videoconferência.
Barry não mencionou sanções econômicas.
Uma "missão de alto nível" será enviada na quinta-feira à Guiné "para discutir com as novas autoridades" e após esta visita a Cedeao voltará a examinar sua posição, acrescentou.
A cúpula foi organizada para "debater a resposta a dar a esta clara violação do nosso estatuto da boa governança", disse no início da reunião o presidente Nano Akufo-Addo, durante uma rápida intervenção em nome da presidência ganense rotativa da organização.
Depois desta primeira intervenção, a reunião prosseguiu em caráter confidencial.
Após o golpe militar de domingo, que depôs o histórico presidente Alpha Condé, junto aos demais dirigentes da Cedeao, esta organização condenou as ações e exigiu a libertação de Condé e "um retorno à ordem constitucional". Também ameaçou sancionar a Guiné se essas condições não forem cumpridas.
Liderados pelo comandante Mamady Dumbuya, os conspiradores do golpe guineense capturaram o presidente Condé no domingo, dissolveram as instituições e anunciaram a libertação de "presos políticos".
A Cedeao encontra-se numa situação semelhante à vivida no ano passado com o golpe militar no Mali, país vizinho da Guiné e que também faz parte da organização.
Na ocasião, sancionou aquele país, mas posteriormente retirou a medida devido à inquietação despertada na população local e a promessa dos militares do Mali de iniciar um processo de transição política em no máximo 18 meses.
Como ocorreu no Mali, o golpe na Guiné foi saudado com demonstrações de apoio. As forças especiais guineenses afirmam ter detido Condé, suprimido a atual Constituição e dissolvido instituições governamentais, para pôr fim à "bagunça" do governo e à corrupção.
Até agora, nenhuma morte foi oficialmente relatada após o golpe e a situação de Condé é desconhecida.
* AFP