A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, criticou nesta segunda-feira (domingo, 13, no Brasil) um projeto de filme sobre sua resposta aos ataques a duas mesquitas em 2019, por considerar que seria inapropriado e mal focado.
O projeto cinematográfico apoiado pelos Estados Unidos, intitulado "They are us" (Eles somos nós), gerou repercussões negativas entre os muçulmanos na Nova Zelândia, que acreditam que ele promove a narrativa do "salvador branco".
Os ataques realizados por um supremacista branco armado contra duas mesquitas deixaram 51 mortos e 40 feridos, um assunto que permanece bastante sensível para muitos no país, de acordo com Ardern.
Ela disse que os cineastas não a consultaram sobre o filme, no qual a atriz australiana Rose Byrne interpretará a governante de centro-esquerda.
"Na minha opinião, que é uma visão pessoal, parece muito cedo e muito sensível para a Nova Zelândia", disse Ardern à TVNZ. "E embora haja muitas histórias que deveriam ser contadas em algum momento, não considero a minha uma delas. São as histórias da comunidade, das famílias", afirmou.
Ardern foi elogiada por sua maneira empática e inclusiva de lidar com os ataques, o pior massacre da história moderna da Nova Zelândia.
O título do filme se refere a uma parte do discurso que ela proferiu após o ataque, quando prometeu apoiar a comunidade muçulmana e endurecer o controle de armas.
A Associação Nacional de Jovens Islâmicos reuniu 58 mil assinaturas em apoio a um apelo para suspender a produção do filme, cujo roteirista é o neozelandês Andrew Niccol.
Da mesma forma, o poeta muçulmano Mohamed Hassan disse que os cineastas deveriam se concentrar na comunidade que sofreu os ataques e não usá-los como pretexto para uma história positiva sobre Ardern.
O agressor Brenton Tarrant, um supremacista branco australiano, foi condenado no ano passado à prisão perpétua, a primeira vez que essa pena foi imposta na Nova Zelândia.
* AFP