A britânica Ghislaine Maxwell se declarou inocente nesta sexta-feira (23) de novos crimes de tráfico sexual, ao comparecer ao tribunal de Nova York pessoalmente pela primeira vez desde sua prisão no verão passado.
A ex-namorada do financista americano Jeffrey Epstein, 59, é acusada de recrutar mulheres jovens para oferecer serviços sexuais ao parceiro.
Epstein cometeu suicídio em 2019 enquanto estava em uma prisão de Nova York aguardando julgamento.
Maxwell parecia frágil e mais velha quando entrou no tribunal federal de Manhattan, onde foi indiciada por novas acusações.
A nova acusação adiciona uma nova possível vítima ao processo e estende o período de tempo para seus crimes em sete anos.
Maxwell agora enfrenta seis acusações, incluindo conspiração para tráfico sexual e tráfico sexual de uma menor.
Os supostos crimes ocorreram entre 1994 e 2004 e envolvem quatro mulheres, duas das quais tinham apenas 14 anos quando foram abusadas sexualmente, segundo os promotores.
As acusações são mais fortes do que as anteriores, que falavam em "incitar" e "transportar" menores para outros estados do país para a prática de atos sexuais ilegais.
Maxwell falou somente três vezes durante a audiência, incluindo para dizer "sim, meritíssimo" quando questionada pelo juiz se tinha conhecimento das acusações.
A filha do magnata da imprensa britânico Robert Maxwell nega todas as acusações contra ela. Se for considerada culpada, pode ser condenada à prisão perpétua.
Seu julgamento está previsto para começar em 12 de julho, embora sua equipe de defesa esteja pressionando por mais tempo para se preparar.
Os promotores a acusam de fazer amizade com garotas levando-as às compras e ao cinema, e de convencê-las depois de fazer massagens sexuais em Epstein, durante as quais ele perpetrava atos sexuais.
- "Doloroso" -
Os promotores dizem que Maxwell participava às vezes dos supostos abusos, que ocorreram em sua casa em Londres e nas propriedades de Epstein em Manhattan, Palm Beach e Novo México.
Uma suposta vítima de Maxwell assistiu à audiência no tribunal.
"Foi doloroso, mas cura", declarou mais tarde. "Depois de não haver um julgamento para Epstein, acho que sim, (este processo) oferecerá às vítimas a oportunidade de virar a página."
Maxwell também foi indiciada por duas acusações de obstrução à justiça, que serão julgadas após seu julgamento por crimes sexuais, por testemunho que ela deu em 2016 em um caso de difamação movido contra ela por uma acusadora de Epstein, Virginia Giuffre.
O juiz negou fiança a Maxwell três vezes desde sua prisão em julho passado. A réu reclama das condições de detenção em uma prisão do Brooklyn.
"Ela não é suicida. Não deveria ser tratada assim", disse um de seus advogados, David Markus, fora do tribunal. "É apenas por causa do terrível efeito Epstein", acrescentou.
Epstein, que faleceu aos 66 anos, era o gerente de um fundo de investimento bilionário e era amigo de muitas celebridades, como o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e o príncipe britânico Andrew.
A prisão de Maxwell colocou os holofotes sobre o príncipe Andrew, que nega veementemente ter feito sexo com Giuffre quando ela tinha 17 anos, em um encontro arranjado por Epstein.
* AFP