Depois de uma trégua no inverno (hemisfério norte), a oposição de Belarus convocou manifestações para esta quinta-feira (25), com o objetivo de dar um novo impulso ao movimento de protesto de 2020, enfraquecido pela repressão do regime de Alexander Lukashenko.
O presidente da ex-república soviética, no poder desde 1994, enfrentou no ano passado protestos de dimensão histórica após sua polêmica reeleição em agosto, denunciada pelos países ocidentais.
Mas os protestos, que chegaram a reunir até 100.000 manifestantes pacíficos por vários domingos sucessivos, foram progressivamente enfraquecidos com detenções em massa, a violência que deixou quatro mortos e penas de prisão que continuam sendo aplicadas.
No início de fevereiro, Lukashenko, 66 anos, afirmou que venceu o que chamou de "Blitzkrieg" estimulada pela oposição que, segundo ele, é patrocinada pelos ocidentais.
A principal opositora bielorrussa, Svetlana Tikhanovksaia, que está no exílio na Lituânia, convocou os cidadãos para um protesto nesta quinta-feira, após um inverno marcado pela repressão, apesar das sanções europeias e americanas contra o regime, que tem a Rússia como grande aliada.
"O mundo inteiro acredita em vocês", afirmou em uma mensagem no aplicativo Telegram. Ela pediu a cada bielorrusso que "acredite em si mesmo e proteste na primavera".
Em 25 de março a oposição celebra o "Dia da Liberdade", uma referência à declaração de um Estado bielorrusso independente em 1918, derrotado meses depois pelos bolcheviques, que instauraram na região uma república soviética.
Na capital Minsk e em outras cidades as forças de segurança já anunciaram que os protestos serão proibidos e que os manifestantes podem ser detidos.
Na semana passada, o vice-ministro do Interior, Nikolaï Karpenkov, afirmou que "apenas dezenas de pessoas" participariam nos protestos.
Durante o verão e outono (hemisfério norte), as manifestações para pedir a saída de Alexander Lukashenko reuniram dezenas de milhares de pessoas aos finais de semana, mas perderam força com a repressão policial.
Os opositores mudaram de tática e optaram, por um período, por pequenas manifestações dispersas ou vigílias nos pátios dos edifícios.
"Muitas pessoas não se arriscam mais, embora desejem muitas mudanças. Elas consideram que o preço a pagar é muito elevado", afirmou o cientista político Alexander Klaskovski, do centro de pesquisas Belapan.
Paralelamente, os tribunais trabalham em ritmo intenso nos processos contra manifestantes, incluindo jornalistas. Algumas pessoas foram acusadas de organizar "distúrbios em massa" ou de cometer atos de "violência" contra a polícia.
Há alguns dias, a Procuradoria-Geral anunciou que mais de 400 pessoas foram condenadas. Até o momento a pena mais severa aplicada foi de 10 anos de prisão, de acordo com ativistas dos direitos humanos.
Os principais opositores foram presos ou obrigados a partir para o exílio, como aconteceu com Tikhanovskaia.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu na quarta-feira "eleições livres regulares" em Belarus e pediu que o Alto Comissariado para os Direitos Humanos investigue os abusos cometidos no país.
* AFP