A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) acusou as forças de segurança de Burkina Faso pela execução de 31 civis em Djibo, norte do país, durante o que chamou de "paródia brutal de uma operação antiterrorista" em 9 de abril.
"As forças de segurança de Burkina Faso aparentemente executaram 31 homens durante uma paródia brutal de uma operação antiterrorista que poder constituir um crime de guerra", declarou Corinne Dufka, diretora da HRW para o oeste da África.
A ONG pede às autoridades do país que "iniciem imediatamente uma investigação imparcial sobre os assassinatos e responsabilizem os autores por suas ações, independente a hierarquia".
A HRW e outras organizações já denunciaram outros atos violentos cometidos pelas forças de segurança contra a população - que segundo as ONGs provocaram centenas de mortes - sob o pretexto da luta contra os grupos jihadistas que multiplicam os ataques no país.
Desde 2015 Burkina Faso, assim como Mali e Níger, enfrenta uma espiral de violência de grupos jihadistas e conflitos étnicos que já deixaram mais de 800 mortos e quase 860.000 deslocados.
De acordo com a investigação da HRW em Djibo, cidade a 200 km da capital Uagadugu, as forças de segurança atacaram apenas homens da comunidade fulani, uma etnia seminômade entre a qual os grupos islamitas recrutam membros, de acordo com analistas.
"Os moradores afirmaram que dezenas de integrantes das forças de segurança participaram na operação de 9 de abril, que começou com detenções e terminou com vários tiros", explica a HRW.
"As vítimas foram detidas em vários bairros, quando alimentavam gado, caminhavam ou estavam sentadas diante de frente de suas casas", por militares que aparentemente vinham do campo do Grupo de Forças Antiterroristas de Djibo, uma pequena cidade de 20.000 habitantes em uma região afetada por ataques jihadistas.
Para a investigação, HRW entrevistou 17 pessoas sobre os assassinatos de 9 de abril, incluindo 12 testemunhas das detenções e do enterro dos corpos, que elaboraram uma lista de vítimas, todas fulanis, também chamados peuls.
A ONG afirmou à AFP que enviou uma cópia de seu relatório ao governo de Burkina Faso.
* AFP