O governo francês anunciou, nesta terça-feira (21), o calendário para a retomada das atividades em creches e escolas de ensino fundamental, fechadas há mais de um mês por causa da pandemia do coronavírus. A decisão pela reabertura, anunciada ainda na semana passada pelo presidente Emmanuel Macron, gerou controvérsia entre professores e até mesmo entre representantes do governo local.
O ministro da Educação Nacional, Jean-Michel Blanquer, detalhou, diante dos deputados da Comissão de Cultura e Educação, os termos de um retorno gradual às atividades escolares a partir de 11 de maio. Confira as datas definidas para a reabertura:
- Na semana de 11 de maio, os alunos da pré-escolas e dos primeiros anos do ensino fundamental retornarão às aulas em grupos de no máximo 15 pessoas. A data será reservada para a pré-inscrição dos professores.
- Na semana de 18 de maio, alunos dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio retomarão as aulas. Os alunos das escolas profissionais, por outro lado, começarão imediatamente com oficinas.
- Na semana de 25 de maio, todas as aulas serão reabertas — sempre com um limite máximo de 15 alunos por turma.
- Devem coexistir quatro configurações de classe: um meio grupo presencial, um meio grupo à distância, um meio grupo com autonomia para estudar e, opcionalmente, em consulta com os prefeitos, esportes, saúde e atividades culturais pode ser oferecido.
— A doutrina nacional é clara, mas há espaço de manobra no nível local em relação à adaptação física desses métodos. Se as condições sanitárias não forem atendidas, a escola não reabrirá. A doutrina das máscaras e testes será articulada de acordo com o que as autoridades de saúde definiram — disse Blanquer aos deputados.
Os professores trabalharão nas escolas e estabelecimentos de ensino. Em caso de vulnerabilidade por conta do coronavírus, os docentes poderão trabalhar de casa, com métodos de educação a distância, que serão especificados.
Possibilidade de seguir com o ensino remoto
Blanquer também esclareceu que, em caso de uma família não querer enviar seu filho para a escola, será possível seguir com a educação a distância. O ministro reafirmou que o governo tomou a medida pensando nos "estudantes que enfrentam dificuldades". Eles passarão a ser tratados com prioridade.
Críticas à medida
Os professores foram os primeiros a criticar a reabertura, já que as crianças podem ser vetores de transmissão do vírus. A secretária-geral do Snuipp-FSU, o principal sindicato de professores do ensino fundamental da França, Francette Popineau, disse, ainda na semana passada, que está preocupada:
— Sabemos que a escola é um lugar de grande transmissão e contaminação. A reabertura parece em contradição total com o restante das medidas — disse Popineau.
O presidente da Federação dos Médicos da França, Jean-Paul Hamon, também está incomodado com a retomada das atividades nas escolas que, segundo ele, "traz um risco inútil". Ele ressalta que as "crianças nem sempre obedecem às orientações, vão brincar juntas e levar o vírus para suas casas".
O primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, quer mais detalhes do governo para saber "como será possível proteger ao mesmo tempo alunos, pais e professores".
* Com informações de Le Monde e portal G1