Vários países fecharam nesta quarta-feira centros de ensino, proibiram eventos e intensificaram as restrições de viagens, assim como as medidas para apoiar suas economias ante o avanço do coronavírus, especialmente na Itália, isolada pelo segundo dia e onde o número de mortes registrou forte alta.
Com escolas, restaurantes e cinemas fechados, atividades canceladas, funerais e casamentos proibidos, a vida cotidiana em muitos países foi alterada pela COVID-19, que matou 4.281 pessoa em todo o mundo e infectou 118.554, de acordo com um balanço da AFP.
A Itália, com 10.149 casos e 631 mortos, está desde segunda-feira à noite e pelo menos até 3 de abril submetida a fortes restrições, sob o lema "Eu fico em casa".
Os 60 milhões de italianos devem evitar os deslocamentos, exceto para chegar ao trabalho, para alimentação ou seguir até o médico. Até as missas foram suspensas.
O papa Francisco celebrou a tradicional audiência semanal das quartas-feiras, mas o vídeo foi divulgado pela internet a partir de sua biblioteca. A praça de São Pedro estava vazia.
O medo do coronavírus também deixa hotéis e locais turísticos esvaziados em Paris, capital da França, outro grande foco da epidemia na Europa.
Um total de 363 milhões de estudantes estão de férias forçadas em 15 países, segundo a Unesco.
A Espanha, que registra 2.002 casos de coronavírus e 47 mortes, fechou escolas e universidades em Madri, sua região mais afetada.
- Medidas econômicas -
Para combater a epidemia, a Itália anunciou uma ajuda excepcional de 25 bilhões de euros (28,3 bilhões de dólares).
O Banco da Inglaterra (BoE) anunciou uma inesperada redução das taxas de juros, que caíram de 0,75% a 0,25%, a queda mais expressiva desde a crise financeira de 2008-2009.
A Comissão Europeia divulgou a criação de um fundo de resposta ao coronavírus de até EUR 25 bilhões.
Nos Estados Unidos, o governo do presidente Donald Trump informou que apresentará em breve um plano de apoio à economia. O Canadá revelou um plano de 728 milhões de dólares para sustentar sua economia.
Depois da queda espetacular na segunda-feira e da recuperação na terça-feira, as Bolsas operavam de maneira irregular nesta quarta-feira.
O Equador, por exemplo, anunciou cortes orçamentários, redução de salários de funcionários públicos e mais endividamento para enfrentar as dificuldades derivadas do coronavírus e a queda do preço do petróleo.
- China suaviza medidas, outros países reforçam -
A China (sem considerar os territórios de Hong Kong e Macau), onde a doença surgiu em dezembro, registra 80.778 casos, com 3.158 mortes, sendo 22 vítimas fatais nas últimas 24 horas. Mas a tendência no país é de queda e o governo começou flexibilizar as medidas.
Em um sinal de normalização progressiva em Wuhan (centro), berço da epidemia e isolada desde 23 de janeiro, as empresas começam a retomar as atividades, um dia depois da visita à cidade do presidente Xi Jinping, que declarou que a epidemia está "praticamente contida".
Mas no momento em que os casos de coronavírus importados aumentam na capital da China, a prefeitura de Pequim determinou que qualquer pessoa que chegar à cidade procedente do exterior deverá passar por uma quarentena obrigatória de 14 dias.
O Japão, onde o coronavírus contaminou 568 pessoas e deixou 12 mortos, cancelou a cerimônia de recordação do tsunami de 11 de março de 2011, que deixou 18.500 mortos e desaparecidos, e provocou o desastre nuclear de Fukushima.
Ao mesmo tempo prosseguem as medidas de isolamento e suspensão de voos de várias companhias europeias.
Na América Latina, que tem quase 140 casos e duas mortes, as medidas foram intensificadas.
A Colômbia vai isolar as pessoas procedentes da China, Espanha, França e Itália. A Argentina fará o mesmo e adicionou à lista os passageiros procedentes dos Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul, Japão e Irã.
Bolívia, El Salvador e Chile também adotaram medidas sanitárias mais drásticas.
Nos Estados Unidos, país com 1.001 casos e 28 mortes, a Guarda Nacional será mobilizada a partir de quinta-feira para delimitar uma "área de confinamento" de 1,6 km em New Rochelle, cidade de 80.000 habitantes que é o principal foco do coronavírus no estado de Nova York.
Ao mesmo tempo, mais eventos foram cancelados. Pela primeira vez nas últimas três décadas, a cerimônia para acender a chama olímpica dos Jogos de Tóquio-2020 acontecerá sem a presença de espectadores, na quinta-feira em Olímpia (Grécia).
* AFP