Os croatas votam neste domingo (5) em uma eleição presidencial de resultado incerto, na qual a presidente conservadora tenta seduzir a direita radical para derrotar um ex-primeiro ministro social-democrata.
Os 3,8 milhões de eleitores devem escolher entre duas abordagens para este país banhado pelo Adriático: a "Croácia autêntica", que a presidente conservadora Kolinda Grabar-Kitarovic diz representar, e a "Croácia normal" defendida pelo social-democrata Zoran Milanovic.
A última pesquisa apontava três pontos de vantagem para o ex-primeiro-ministro social-democrata, mas também mostrou que 13% do eleitorado permanece indeciso.
Às 10h30 GMT, a participação era de cerca de 19%, três pontos a menos que em 2014.
O segundo turno eleitoral ocorre alguns dias depois que a Croácia assumiu a presidência rotativa de uma União Europeia que terá que gerenciar a era pós-Brexit.
Essa eleição evidenciou a ascensão da direita em um país que enfrenta a pressão dos migrantes em suas fronteiras e, como seus vizinhos dos Balcãs, um êxodo em massa de seus habitantes. Isso sem contar a corrupção endêmica.
Na Croácia, a função presidencial é, em grande parte, honorária. Para conseguir um segundo mandato, Grabar-Kitarovic, de 51 anos, terá que atrair a ala dura do eleitorado de direita que, no primeiro turno, votou em um cantor populista.
"Vamos construir uma Croácia mais próspera, que olha para o futuro e não para o passado", disse após votar.
Uma derrota complicaria a situação para o partido que a apoia, p HDZ, e para o primeiro-ministro moderado Andrej Plenkovic nas legislativas do outono.
Grabar-Kitarovic, que recebeu 27% dos votos no primeiro turno, confia em seus apelos de "unidade". Durante a campanha, enfatizou seu patriotismo e a guerra de 1991-1995, uma questão muito sensível no país. "Temos que nos unir como em 1990" antes da declaração de independência, repetiu esta semana.
Ela se apresenta como uma mãe igual as demais e destaca suas origens humildes. Seus detratores a repreendem por seus muitos erros.
Seu rival Zoran Milanovic, com uma reputação de arrogante e elitista, considera perigoso o conceito de "Croácia autêntica".
O social-democrata, que dominou o primeiro turno com um terço dos votos, reiterou neste domingo que a eleição "não é uma batalha contra alguém, mas uma tentativa de tranformar o país em normal e honesto".
Defensor de uma "Croácia para todos, para cidadãos iguais", insiste que seu país "não está mais em guerra", deve se voltar para o futuro e "lutar por seu lugar na Europa".
Seus apoiadores aplaudiram em 2011 a chegada ao poder deste homem isento de acusações de corrupção. Mas seu governo desapontou, incapaz de lutar contra o clientelismo e de desenvolver a economia.
Os conservadores do HDZ querem manter a presidência, especialmente agora que lideram a UE, com quatro questões importantes na agenda: as relações com o Reino Unido após o Brexit, o desejo de adesão dos países dos Bálcãs Ocidentais, mudança climática e o próximo orçamento plurianual do bloco.
A Croácia foi o último país a entrar na UE em 2013, mas sua economia, muito dependente do turismo, é uma das mais fracas do bloco.
A adesão acelerou o êxodo dos croatas em busca de uma vida melhor, mas também por causa da corrupção, clientelismo e baixa qualidade dos serviços públicos.
Os resultados parciais serão divulgados uma hora após o encerramento da votação, às 18h00 GMT (15h00 de Brasília).
* AFP