A presidente conservadora em final de mandato na Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic, enfrentará o ex-primeiro-ministro socialdemocrata Zoran Milanovic no segundo turno das eleições - apontam resultados oficiais do primeiro turno, após a apuração de quase 98% das seções.
Kolinda e Milanovic disputarão o segundo turno previsto para 5 de janeiro, data em que a Croácia assume a Presidência rotativa da União Europeia.
O primeiro turno revelou a ascensão da direita dura em um país que enfrenta a pressão de migrantes em suas fronteiras e está confrontado, assim como seus vizinhos balcânicos, com um êxodo em massa de habitantes e uma corrupção endêmica.
Segundo os resultados divulgados pela Comissão Eleitoral, o ex-premiê obteve 29,56% dos votos contra 26,75% de Kolinda e 24,40% de Miroslav Skoro, um cantor populista de direita.
Skoro ficou famoso no país nos anos 1990 com seus temas patrióticos. Ele prometeu enviar o Exército para a fronteira, com o objetivo de impedir os imigrantes originários do Oriente Médio, da África, ou da Ásia chegarem pela Bósnia. Também disse querer indultar um homem condenado por crimes de guerra contra civis sérvios durante o conflito de 1991-1995.
- 'Cocandidato'
Aos 51 anos, Kolinda Grabar Kitarovic está no cargo desde 2015 e tem o apoio da sigla de centro direita HDZ, que dominou a política croata quase ininterruptamente desde a independência do país, em 1991. Realizou seu último comício em Vukovar, uma cidade do leste da Croácia que foi palco de um cerco letal das forças sérvias no início da guerra de 1991-1995.
Neste domingo à noite, a presidente se lançou na reconquista do eleitorado perdido, declarando que Miroslav Skoro foi, na verdade, um "cocandidato" durante a campanha.
"Tinha um bom cocandidato da minha tendência política", disse a seus partidários. "Agora, temos de nos unir, rumo à vitória", convocou.
Uma derrota da atual presidente complicará as chances de que o HDZ e o primeiro-ministro moderado Andrej Plenkovic se imponham nas legislativas previstas para 2020.
"A divisão da direita é mais profunda do que as pesquisas indicavam", constata a analista Tihomir Cipek. "A direita radical mostra sua força. Veremos se a situação se repete nas legislativas", completou.
Já o eleitorado de esquerda parece estar unido ao redor da candidatura de Milanovic, de 53, que prometeu fazer da Croácia um "país normal", com uma Justiça independente que respeite as minorias.
"Vamos para um segundo turno, e não para a guerra. As guerras acabaram", disse a seus partidários, em uma aparente referência às frequentes alusões de seus rivais ao conflito de 1991.
Seus correligionários saúdam sua determinação, mas seus opositores o consideram arrogante. Foi premiê de 2011 a 2016, mas seu governo decepcionou por não ter conseguido pôr fim à corrupção, nem alavancar a economia.
* AFP