A mãe do venezuelano de 16 anos que perdeu a visão, após ser atingido por disparos da polícia em um protesto, clamou por "justiça" em um relato à AFP.
O caso é condenado pela oposição e está sendo investigado pela Justiça.
"Quero justiça, justiça, justiça", repetia nesta terça-feira (2) Adriana Parada, mãe de Rufo Chacón, do lado de fora do Hospital de San Cristóbal, capital de Táchira, onde seu filho está internado.
De acordo com Adriana, o rapaz participava de uma manifestação na segunda-feira, na localidade de Táriba, quando foi atingido no rosto por vários tiros disparados por policiais.
"Meu filho perdeu os olhos apenas por me ajudar a pedir o gás que precisamos", lamentou, aos prantos.
Em conversa com a AFP, o médico Luis Ramírez, que lidera a equipe de especialistas que atende a Rufo, confirmou que "o menino recebeu 52 disparos no rosto, o que levou, posteriormente, a perder completamente a visão".
Os policiais atiraram "à queima-roupa", a menos de um metro dos manifestantes, denunciou à AFP o deputado do Conselho Legislativo regional, Juan Carlos Palencia.
"Não vamos nos acostumar. Não vamos deixar de chamá-los de assassinos", disse o líder opositor Juan Guaidó - reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por cerca de 50 países -, ao classificar o episódio como um "ato sádico".
O procurador-geral Tarek William Saab informou que dois policiais de Táchira foram detidos e "serão severamente punidos por esta violação" dos direitos humanos.
O fato ocorre em meio à comoção causada pela morte, no sábado, do capitão do Corvette Rafael Acosta Arévalo, preso por seu suposto envolvimento em um plano para assassinar o presidente Nicolás Maduro.
"Arruinaram a vida dele, meu filho quer morrer", disse à imprensa a mãe do estudante, lembrando que o jovem consertava aparelhos de celular para ajudar nas despesas da casa.
O general Jesus Arteaga, diretor da Polícia Táchira, disse que este caso é "um incidente isolado". "Repudiamos este fato envolvendo dois funcionários (...) que em nenhum momento violaram os direitos humanos ", afirmou numa entrevista coletiva.
As deficiências na distribuição de gás - monopolizada pelo governo através da companhia petrolífera estatal PDVSA - se acentuaram no ano passado em vários estados do país, dando origem a protestos recorrentes.
* AFP