O Banco Central Europeu manteve nesta quinta-feira suas taxas de juros baixas e não vai alterá-las até "o final do primeiro semestre de 2020", um prazo estendido por seis meses em comparação com sua última reunião em abril.
A taxa básica de refinanciamento foi mantida em zero, enquanto os bancos continuarão a pagar ao BCE juros negativos de 0,40% pela liquidez que não tiver utilização imediata.
A instituição monetária, confrontada a uma deterioração das perspectivas de crescimento e de inflação, exclui elevar o custo do crédito antes de meados de 2020.
Até março, o BCE prometia um status quo monetário "até o verão de 2019", antes de evocar "o final de 2019" em suas últimas duas reuniões, enquanto os mercados apostavam numa primeira alta em meados de 2020, ou 2021.
Em coletiva de imprensa após a reunião, o presidente da instituição Mario Draghi ressaltou que os riscos para o crescimento aumentaram, em vista das tensões comerciais entre os Estados Unidos e seus principais parceiros - China, União Europeia e México.
Outras preocupações dizem respeito à Itália, atualmente em disputa com Bruxelas sobre seus déficits públicos, e a Grécia, onde eleições antecipadas vão acontecer em julho, num clima tenso.
Além disso, a perspectiva no Reino Unido de um primeiro-ministro eurocético para substituir Theresa May reforça o medo de um Brexit sem acordo, sinônimo de caos econômico e jurídico.
O BCE também detalhou seu novo programa de empréstimos gigantescos aos bancos, anunciado em março, que será lançado em sete etapas entre setembro e março de 2021.
O instituto indicou que cada empréstimo será concedido a uma taxa "10 pontos superior" à média das taxas aplicadas nas operações de refinanciamento tradicionais, atualmente em 0%.
Para os bancos que forem distribuir uma grande quantidade de crédito na economia, essa taxa poderá cair até a taxa média de juros sobre depósitos de 10 pontos, ou -0,30%.
Era uma questão de encontrar um equilíbrio entre empréstimos que fossem vantajosos o suficiente para estimular a distribuição de crédito, mas sem tornar os bancos mais frágeis - particularmente os italianos - dependentes de liquidez barata.
A instituição também confirmou que reinvestirá "enquanto for necessário", logo após o primeiro aumento das taxas, seu estoque pletórico de quase 2,6 trilhões de euros de títulos adquiridos entre março de 2015 e dezembro de 2018.
O BCE está enfrentando um crescimento lento e uma desaceleração da inflação na zona do euro, com os preços, em maio, subindo 1,2% e apenas 0,8% se excluído os preços voláteis da energia. Estes aumentos permanecem longe do objetivo da instituição monetária, para a qual a inflação ligeiramente inferior a 2% "a médio prazo" deverá favorecer o investimento e o emprego.
* AFP