O genro do presidente americano, Jared Kushner, seguiu nesta quarta-feira para Amã, mais um destino de sua viagem pelo Oriente Médio para obter apoios a seu plano de paz israelense-palestino, do qual pouco foi revelado. Kushner se reunirá com Abdalah II, que insistiu na solução de dois Estados.
Acompanhado por seu braço direito Jason Greenblatt, Kushner esteve antes em Rabat, onde na terça-feira havia recebido pelo rei Mohamed VI.
Depois da Jordânia, viajará para Israel. Em Amã, Abdalah II insistiu com Kushner sobre a "necessidade de redobrar os esforços para conseguir uma paz global e duradoura baseada na solução de dois Estados (israelense e palestino) que garanta o estabelecimento de um Estado palestino independente com Jerusalém Oriental como sua capital", segundo uma declaração oficial.
A Jordânia, um país de 6,6 milhões de habitantes aliado dos Estados Unidos, é a guardiã dos lugares sagrados muçulmanos em Jerusalém e, segundo os dados da ONU, acolhe a quase 2,2 milhões de refugiados palestinos.
Abdalah II, que mantém contatos frequentes com o presidente palestino Mahmud Abbas, referiu-se em sua declaração à "legalidade internacional", é dizer, as resoluções da ONU, assim como "à necessidade de que os Estados israelenses e palestino vivam em paz, um junto ao outro".
Desde sua chegada à presidência americana, Donald Trump expressou seu desejo de alcançar um "acordo definitivo" entre israelenses e palestinos, e conseguir e algo que todos os seus antecessores, republicanos ou democratas, fracassaram.
Esse cálculo, contudo, é especialmente delicado, pois os palestinos boicotam o governo americano desde dezembro de 2017, quando Washington rompeu com décadas de consenso ao reconhecer Jerusalém capital de Israel.
Kushner, que não esconde sua intenção de promover a adesão de uma parte dos palestinos à promessa de um verdadeiro desenvolvimento econômico, sabe que precisará do apoio dos países árabes aliados dos Estados Unidos.
No Marrocos, Kushner se reuniu com o rei Mohamed VI, durante a entrevista organizada na residência real de Rabat, e as conversações se concentraram "nas evoluções e desenvolvimentos que experimentam a região do norte da África e o Oriente Médio", e a associação estratégica entre Estados Unidos e Marrocos, disse à AFP um porta-voz do palácio.
O encontro, antes do jantar que quebra o jejum do Ramadã, também contou com a participação de Jason Greenblatt, outro conselheiro de Trump, Fouad Ali El Himma, conselheiro do rei, e Nasser Bourita, ministro das Relações Exteriores do Marrocos.
Greenblatt disse no Twitter que ficou "honrado" por haver compartilhado o jantar "com sua majestade o rei Mohamed VI". O "Marrocos é um amigo importante e um aliado dos Estados Unidos".
Depois de numerosas tentativas fracassadas de seus antecessores, o governo Trump possivelmente revelará o plano no mês que vem. No entanto, a Autoridade Palestina já anunciou que não participará por considerar que o texto tem um forte viés a favor de Israel.
Os palestinos boicotam as iniciativas do governo americano desde que Trump rompeu com décadas de consenso internacional ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel em dezembro de 2017.
Espera-se que Washington anuncie aspectos econômicos do plano de paz em uma conferência no Bahrein em 25 e 26 de junho.
Os líderes políticos palestinos afirmam que boicotarão ao evento, assim como empresários, o que aumenta as dúvidas em torno das possibilidades de sucesso do plano.
"Qualquer projeto econômico sem uma solução política é vender uma ilusão", disse Arafat Asfour, presidente do Palestine Trade Center.
Kushner, encarregado há dois anos por Trump para alcançar o acordo definitivo entre israelenses e palestinos, irá depois, a partir de 1 de junho, a Montreux, na Suíça, e depois a Londres, onde participará da visita de Estado de Trump ao Reino Unido.
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* AFP