Os sul-africanos votavam nesta quarta-feira (6) em eleições legislativas e provinciais, nas quais se espera uma nova vitória do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde a queda do regime do Apartheid em 1994 - apesar do desemprego, da corrupção e de uma sociedade que sofre cada vez mais com a desigualdade.
As seções eleitorais abriram às 07H00 (02H00 Brasília) e a votação seguirá até às 21H00 (16H00). Os primeiros resultados devem sair na quinta-feira.
Quase 27 milhões de eleitores estão registrados para votar no país.
Estas eleições coincidem com o 25º aniversário do fim do regime do apartheid e das primeiras eleições livres no país, vencidas por Nelson Mandela, fundador do ANC e que liderou a luta contra o regime de segregação racial.
Salvo alguma surpresa de última hora, o partido do falecido Mandela voltará a obter maioria absoluta no Parlamento, e o líder do ANC, Cyril Ramaphosa, renovará seu mandato de chefe de Estado, após ser eleito pelos deputados.
As últimas pesquisas dão ao ANC de 50% a 61% dos votos, muito à frente dos principais adversários.
Cercado por simpatizantes e jornalistas, o atual chefe de Estado votou pouco antes do meio-dia em Soweto, nos arredores de Joanesburgo.
"Estou confiante. A nação e o nosso povo estão entusiasmados com a ideia de votar", declarou Ramaphosa, que prometeu "uma nova aurora, uma nova largada, uma nova esperança" a todos os desiludidos com o seu partido.
Este ex-sindicalista que ficou milionário - e que, durante muito tempo, foi considerado sucessor de Nelson Mandela - herdou no final de 2017 um ANC em plena crise de confiança, após nove anos de governo de seu predecessor, Jacob Zuma, marcado por escândalos e corrupção.
A principal dúvida é saber o tamanho do retrocesso do ANC, no poder desde 1994, cuja popularidade afundou durante a presidência de Jacob Zuma (2009-2018).
Nas eleições locais realizadas há três anos, o partido obteve o pior resultado de sua história (54%) e perdeu o controle de emblemáticas cidades, como Johanesburgo e Pretória.
Desde que chegou à liderança do ANS no início de 2018, Cyril Ramaphosa, de 66 anos, repete que é o homem da mudança e que vai pôr fim à corrupção.
A criminalidade, o desemprego - que afeta 54% dos jovens com menos de 24 anos - e a pobreza também são problemas que afligem a maior potência industrial do continente.
"O partido governante não fez nada em 25 anos", afirmou Luzuko Bota, um eleitor no bairro de Gugulethu, na Cidade do Cabo. "Continuamos vivendo em bairros pobres", acrescentou.
"Somos suficientemente humildes para reconhecer nossos erros", admitiu Ramaphosa durante a campanha. "Faremos o que o povo espera de nós".
A segunda força política do país, a Aliança Democrática (DA), ficou sem seu principal argumento - a corrupção - com a saída de Zuma, e deve obter entre 15 e 25% dos votos, contra 22% em 2014.
De acordo com as pesquisas, o partido de esquerda radical Combatentes pela Liberdade Econômica (EFF), criado em 2013, deve obter o maior progresso no Parlamento.
O EFF, liderado por Julius Malema e que se apresenta como o defensor dos menos favorecidos, deve superar o degrau simbólico de 10%, contra 6% em 2014.
"Sempre votei no ANC, mas decidi que já basta. Desta vez votarei no EFF", afirmou Peggy Mavimbela, de 62 anos.
* AFP