Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (22) que começarão a impor sanções a todos os países, incluindo aliados como a Índia, que comprarem petróleo do Irã. A medida é um novo passo para aumentar a pressão contra a república islâmica, a quem Trump considera o seu principal inimigo no Oriente Médio.
Um dos países afetados, a Turquia, prometeu desobedecer a ordem de Washington. As primeiras medidas provocaram um leve um aumento dos preços globais, embora o presidente Donald Trump tenha dito que a Arábia Saudita e outros aliados de Washington "mais que compensarão" a queda da oferta petroleira. O índice Brent do barril de petróleo encerrou o dia com alta de 2,92%, a US$ 74,11 (R$ 291,40) o barril.
Com essas medidas, que dão fim às isenções que permitiam a oito países continuar comprando petróleo iraniano, Trump "visa zerar as exportações de petróleo do Irã, privar o regime de sua principal fonte de renda", anunciou a Casa Branca.
As ameaças de sanções abrem uma nova fonte de atrito nas relações já tensas dos EUA com a China e a Turquia.
— Não aceitamos sanções unilaterais e imposições sobre como estabeleceremos relações com nossos vizinhos — afirmou o ministro turco de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu. Ele acrescentou que a ação não ajudará na "paz e na estabilidade regionais".
A medida é especialmente delicada para a Índia, aliada estratégica de Washington e terceiro maior importador de petróleo do mundo. O país enfrenta pressão dos EUA para deixar de comprar petróleo da Venezuela, na luta de Trump para derrubar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
— Se não respeitarem, haverá sanções. Temos a intenção de aplicá-las — alertou o secretário de Estado, Mike Pompeo.
Os demais países sancionados — Grécia, Itália, Japão, Coreia do Sul e Taiwan — já reduziram drasticamente suas compras de petróleo iraniano.
O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul garantiu em nota que está em consultas com os Estados Unidos e que fará "o possível" para "renovar a isenção" até a próxima semana, quando o prazo dado expira.
Aumento da pressão
O presidente Donald Trump aumentou a pressão sobre o Irã desde que, em 2018, ele abandonou o acordo nuclear assinado entre os Estados Unidos e a República Islâmica, três anos antes.
Sua retirada unilateral levou ao restabelecimento das sanções de Washington contra Teerã, com o apoio de Arábia Saudita e Israel.
A proibição de comprar petróleo iraniano era a principal medida dessas sanções, embora Washington concedesse isenções por seis meses a oito governos, considerando que o mercado mundial não suportaria uma eliminação acentuada das vendas de petróleo iraniano.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã disse que as sanções eram "ilegais" desde o início. A decisão ocorre duas semanas depois de Washington incluir os Guardiões da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica, em sua lista negra de organizações "terroristas".
A campanha dos EUA contra o Irã visa acabar com as "atividades desestabilizadoras" de Teerã no Oriente Médio, principalmente no Líbano, através do movimento xiita Hezbollah, no Iêmen, através dos rebeldes huthis, e na Síria, por seu apoio ao regime de Bashar al Assad.
Arábia Saudita vai 'estabilizar' mercado, dizem EUA
"Estados Unidos, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, três dos maiores produtores energéticos do mundo, com nossos amigos e aliados, se comprometem a garantir que os mercados mundiais de petróleo sigam adequadamente abastecidos", anunciou a Casa Branca.
O Irã obteve 52,7 bilhões de dólares com exportações de petróleo em 2017, antes de Washington retomar as sanções, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Especialistas preveem que será muito difícil o nível das exportações iranianas chegar a zero, já que sempre haverá um mercado negro.
Os preços subiram desde que o anúncio da decisão dos EUA começou a circular pela mídia. O WTI, referência nos Estados Unidos, teve alta de 2,2%, a US$ 65,39, logo após a abertura dos mercados.
Em respaldo à decisão, o ministro da Energia saudita, Khaled al-Falih, disse que está disposto a "estabilizar" o mercado de petróleo.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considerou a decisão dos Estados Unidos "de suma importância para reforçar a pressão sobre o regime terrorista iraniano".