Subiu para 66 o número de mortos na explosão de um oleoduto da estatal petrolífera Petroleos Mexicanos (Pemex), informou o governador do Estado de Hidalgo, Omar Fayad, neste sábado (19). Os feridos são 76, conforme o último balanço.
Segundo as autoridades locais, o incêndio seguido de explosão ocorreu em uma tubulação de combustível, na sexta-feira (18), no momento em que centenas de pessoas roubavam gasolina que vazava do duto.
— É uma tragédia que nos dói muito, estamos aqui para oferecer todo o apoio, ajuda aos moradores, às pessoas afetadas, às vítimas — disse o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, enquanto visitava a área do desastre.
Ele acrescentou que esta tragédia não mudará sua estratégia contra o roubo de combustível e demonstra "infelizmente a necessidade de mantê-la".
— Continuaremos a erradicar essa prática — enfatizou.
A explosão ocorreu na noite de sexta-feira, na comunidade de Tlahuelilpan, na localidade de Hidalgo, e o incêndio subsequente foi extinto pouco antes da meia-noite.
— O que sabemos é que havia o vazamento e uma atividade clandestina que já estava sendo atendida pelas autoridades competentes — explicou Fayad.
Imagens da TV local mostraram dezenas de pessoas roubando o combustível, que jorrava do duto. Horas depois, no início da noite, foram gravadas as primeiras imagens do incêndio, com pessoas fugindo apavoradas e pedindo socorro aos gritos.
Os corpos carbonizados permanecem na posição em que morreram - alguns com braços ou com uma perna levantada - enquanto especialistas trabalham na área em sua identificação.
— Infelizmente vi a explosão, e fui ajudar as pessoas — conta Fernando García, 47 anos e morador da área. — Eu tive que juntar pedaços de pessoas mortas — acrescentou.
No local, cercado por plantações, agentes do exército e da polícia isolaram a área, enquanto os bombeiros trabalhavam entre colunas de fumaça.
García criticou o exército que, segundo ele, não impediu as pessoas de se aproximarem do duto quando o combustível começou a vazar.
— Tudo isso teria sido evitado se o exército, quando chegou, tivesse expulsado todas as pessoas — lamentou.
Queimaduras visíveis
O incêndio se originou em torno de um vazamento de gás que atraiu dezenas de moradores da região para roubar combustível.
— Muitas pessoas vieram com seus garrafões por causa da escassez de gasolina, que agora não há — afirmou o morador Martín Trejo, 55 anos, que atribuiu a tragédia à estratégia nacional para evitar o roubo, que inclui o fechamento de importantes oleodutos.
Imagens de TV também mostraram as pessoas fugindo, apavoradas, após a explosão, e algumas saíam de meio da fumaça praticamente nuas, com as queimaduras visíveis.
"A explosão em Tlahuelilpan, Hidalgo, resultou da manipulação de uma retirada clandestina de combustível no oleoduto Tuxpan-Tula. Este acidente não afeta o fornecimento de gasolina na Cidade do México", informou a petroleira estatal Petróleos Mexicanos (Pemex).
Esse gasoduto é um dos principais alvos dos saqueadores, explicou o diretor da Pemex, Octavio Romero.
A empresa também informou sobre outro incêndio por roubo de combustível em uma área deserta do estado de Querétaro, no centro do país, sem risco para a população.
Ofensiva contra o roubo de combustível
O acidente ocorre no momento em que o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador executa uma estratégia nacional contra o roubo de combustível, delito que tem gerado perdas anuais de 3 bilhões de dólares ao país, segundo dados oficiais.
O plano contra o roubo de combustível, popularmente conhecido como "huachicol", é a primeira grande ofensiva contra o crime organizada por López Obrador desde que assumiu o cargo, em 1º de dezembro.
O fechamento de dutos foi paliado pela distribuição em navios-tanque, um sistema que causou escassez de combustível em vários dos 32 estados do México.
Filas quilométricas foram registradas em áreas onde falta combustível, embora na capital tenha sido regularizada.
Analistas econômicos alertaram que essa escassez provoca uma queda na produtividade e que afetará a economia.
O banco Citibanamex, um dos maiores do país, estimou na quarta-feira (16) em 39 bilhões de pesos (2,054 bilhões de dólares) a perda bruta do PIB atribuída à escassez de combustível, "supondo que as condições voltem ao normal nos próximos dias".