O ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich, refugiado na Rússia, fez um apelo ao presidente americano Donald Trump para que trabalhe para acabar com a guerra no leste da Ucrânia, provocada, segundo ele, por atos "irresponsáveis" da administração de Barack Obama.
"Escrevi ao presidente Trump para dizer: a guerra deve parar", afirmou Yanukovich em uma entrevista coletiva.
Na carta, Yanukovich faz um apelo a Trump para que "adote medidas urgentes e exaustivas" para acabar com as hostilidades no leste da Ucrânia, onde um conflito armado entre o governo pró-Ocidente e os rebeldes pró-Rússia deixou mais de 10.000 mortos desde 2014.
"Peço que atue para defender os direitos humanos na Ucrânia, para restaurar a democracia e o império da lei", escreveu Yanukovich a Trump.
Viktor Yanukovich está na Rússia desde fevereiro de 2014, após sua destituição pelo Parlamento ucraniano ao fim de uma crise política de três meses e um movimento de protesto pró-Europa reprimido de forma violenta.
O movimento de protesto, conhecido como Maidan - nome da praça central de Kiev -, começara em 21 de novembro de 2013.
A repressão terminou com mais de 100 manifestantes e 20 policiais mortos.
Após a queda de Yanukovich e a chegada do grupo pró-Ocidente ao poder, a Rússia anexou a península da Crimeia e a região leste da Ucrânia se tornou cenário de um conflito sangrento com os separatistas pró-Moscou.
Autoridades da administração de Barack Obama "interferiram ativamente na situação, tomando partido pelos manifestantes", afirma o ex-presidente ucraniano na carta.
O conflito armado no leste da Ucrânia é, entre outras coisas, o "resultado de atos irresponsáveis de políticos ucranianos e ocidentais", acusou Yanukovich.
O ex-presidente afirmou na entrevista coletiva que enviou cartas similares à chanceler alemã Angela Merkel, ao presidente francês François Hollande, ao presidente russo Vladimir Putin e ao presidente do Conselho da Europa, Thorbjor Jagland.
Nas correspondências, Yanukovich pede uma investigação "honesta, objetiva e aberta" sobre a violenta repressão da Praça Maidan em fevereiro de 2014.
"Tenho provas e dados adicionais que poderiam ajudar a identificar os verdadeiros organizadores da matança de Maidan", afirmou o ex-presidente.
"Não quero vingança de ninguém, mas sonho que a paz e a vida normal retornem à Ucrânia", concluiu.
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