Palco de homenagens ao menino Bernardo, a casa do pai dele, Leandro Boldrini (suspeito, junto com a madrasta, de ter matado o próprio filho), ficou mais limpa e mais suja, ao mesmo tempo, nesta quarta-feira. Aparentemente abandonada há sete meses, desde que o corpo do menino foi encontrado, a casa teve a grama cortada pela primeira vez - mas também os cartazes e flores que homenageiam o menino foram arrancados.
Juçara Petry, indicada por Bernardo, junto com o marido, como uma das pessoas com quem ele gostaria de morar e que o "adotou" muitas vezes nos últimos anos, foi uma das testemunhas do vandalismo. Acompanhada de amigos, ela iria fazer a manutenção semanal das homenagens quando flagrou os estragos.
- Era um casal, estava rasgando os cartazes e jogando no chão. Quando me viram, eles correram para dentro da casa. Levei um susto, porque desde abril não se via ninguém na casa - conta a dona de uma confecção de roupas, que não chamou a polícia porque é uma propriedade particular.
- É um absurdo, inaceitável, porque aquilo ali é para o Bê, mais ninguém - acrescenta Juçara, se referindo aos cartazes, banners e flores pendurados no portão da casa, em Três Passos, que foram e são enviados quase que diariamente do país inteiro e até de fora.
As fotos das homenagens arrancadas tiveram grande repercussão nas redes sociais. Segundo a empresária Muna Abdallah, 36 anos, que mora em Cuiabá (MT) e só conheceu Bernardo pelas reportagens publicadas, existem pelo menos seis grupos no Facebook que se mobilizam na troca de informações e no esforço de manter viva a lembrança do menino.
- Estamos muito tristes e indignados. Queremos que se faça Justiça e não podemos deixar que o Bernardo caia no esquecimento - comentou Muna.
No início da noite desta quarta-feira, Juçara e outros moradores ligados à causa retornaram à casa e juntaram os cartazes que haviam caído no pátio. Mesmo rasgados, eles foram recolocados na grade. Nos próximos dias, o grupo deve fazer novos banners e renovar o palco da vigília.
Moradores repõem homenagens a Bernardo
Foto: Rodrigo Oliveira/Três Passos Online
Relembre o Caso Bernardo
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos, município do Noroeste. De acordo com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ele teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugulini, 36 anos, para comprar uma TV.
De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade, por Santa Maria e Passo Fundo.
Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico, na localidade de Linha São Francisco, interior do município.
Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal, no dia 4. No dia 14, o pai do menino, o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e a amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz foram presos. Edelvânia admitiu o crime e apontou o local onde a criança foi enterrada. No dia 10 de maio, o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz foi preso suspeito de ter participado do crime. Segundo a polícia, ele ajudou a ocultar o corpo do menino.
Confira na linha do tempo a cronologia do caso Bernardo na Justiça:
