
A adolescente de 16 anos vítima de estupro no Gasômetro, em Porto Alegre, prestou depoimento na tarde desta quinta-feira. Muito abatida, ela chegou ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) acompanhada dos pais por volta das 16h.
Ela foi ouvida na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima por cerca de uma hora. O conteúdo do depoimento não será divulgado pela Polícia Civil, conforme o delegado Leandro Cantarelli Lisardo, já que o caso corre em segredo de Justiça.
A adolescente e os pais deixaram a delegacia por volta das 17h. O pai da vítima se mostrou indignado com o fato de a Justiça ter liberado um dos suspeitos:
- Além do abuso, foi uma tentativa de homicídio - comentou o homem, contendo as lágrimas.
Ele também se mostrou preocupado com os moradores de rua que ajudaram a socorrer a filha.
- Agora todos estão em risco. Gostaria de ajudá-los - acrescentou.
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Foi graças a três moradores de rua que a polícia conseguiu prender os dois suspeitos de terem estuprado a adolescente. Ao ouvir os gritos da vítima, dois foram tentar socorrer a garota, enquanto o outro correu ao Deca para chamar a polícia. O crime aconteceu próximo ao Anfiteatro Pôr do Sol, por volta das 23h30min de domingo.
Um dos moradores de rua, Everton Soares Pereira, 35 anos, contou que foi ameaçado por um dos abusadores quando chegou ao local do crime. Ele relatou que o homem mostrou um revólver e mandou ele sair. Ainda conforme Pereira, a jovem foi agredida, e o homem que estava armado tapava a boca dela na tentativa de conter os gritos.
Embora os suspeitos tenham sido presos em flagrante, um deles foi solto pela Justiça na terça-feira. Segundo o juiz da 6ª Vara Criminal da Capital, Paulo Augusto Oliveira Irion, ele vai responder em liberdade por ser réu primário. O homem deverá apenas comparecer em juízo regularmente e não se aproximar da vítima. A decisão judicial criou polêmica. ONGs e movimentos de proteção à mulher divulgaram nota de repúdio à ação, considerada um retrocesso.
O segundo suspeito, conforme o juiz, deve permanecer preso até o julgamento, por já ter sido condenado por roubo com tentativa de estupro. Após o crime, a adolescente foi encaminhada ao hospital Fêmina, onde permaneceu internada até a tarde de terça-feira.