Adriano Duarte
Beneficiados pela frágil fiscalização, detentos do Instituto Penal de Caxias do Sul agora escapam em pleno dia para cometer crimes e voltar a tempo de garantir álibi.
Em duas ocasiões, foram flagrados apenados do regime semiaberto saltando o muro do albergue para buscar objetos na rua sem se importar com câmeras de segurança ou policiais militares que vigiam a Penitenciária Industrial, ao lado.
Outrora restritas à madrugada, as fugas têm sido rotineiras nas tardes e manhãs pela facilidade e descontrole. Como o acesso ao pátio nos fundos é liberado, os apenados escalam um muro, passam por um buraco na cerca externa e chegam a um terreno baldio. Dali, seguem para a Rua Conselheiro Dantas ou para um beco. De tão pisoteado, o caminho lembra um carreiro no campo.
Leia as últimas notícias de Zero Hora
Diferentemente da madrugada, as saídas diurnas são alternadas entre os detentos para evitar exposição. Um pano é colocado sobre o muro para indicar quando alguém está na rua. As tarefas externas incluem buscar drogas, armas ou telefones celulares.
- Quem comanda aqui dentro são eles (os presos). Se não querem ver um colega punido ou querem esconder uma fuga, impedem a entrada nas celas - conta um funcionário da Susepe.
Na sexta-feira passada, por exemplo, um dos presos escondeu o rosto sob um capuz para circular pelo terreno. Como não encontrou o que queria, voltou para receber instruções de colegas de cela junto à cerca. Em seguida, retirou uma sacola de plástico de um contêiner de lixo na rua, e trouxe o material para dentro do albergue.
É impossível controlar a rotina dentro do prédio. Durante o dia, permanecem recolhidos apenas os homens sem trabalho externo e sem autorização para circular na rua. À noite, voltam os que estão trabalhando, mas cuja saída noturna é proibida. Há situações em que pessoas de fora entram no terreno baldio, atravessam a cerca e entregam objetos para os detentos.
- Mais sobre:
- preso
- semiaberto
- sistema prisional
- fuga