Um guerrilheiro com rosto e trajetória enigmáticos nos combates do Araguaia começa a ter sua história resgatada. Paulo Mendes Rodrigues é um dos quatro gaúchos que participaram da guerrilha contra o regime militar entre o final dos anos 1960 e começo de 1970.
Sua imagem e participação no levante de esquerda ganharão visibilidade em um portal do governo federal com os nomes de 361 mortos e desaparecidos políticos do país, que será lançado no final do mês pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH).
A base de dados é o livro Direito à Memória e à Verdade, da própria SDH, onde Paulo aparece como uma sombra. Atualizado, o site trará a imagem do comunista, que não constava nos arquivos oficiais.
Dos quatro gaúchos da guerrilha, organizada pelo PC do B em uma área que envolvia Pará, Maranhão e Tocantins (à época Goiás), quem ficou mais famoso foi João Carlos Haas, que era médico, fez partos e curou enfermidades dos pobres moradores da região.
Os outros dois - Cilon Brum e José Bronca - eram, respectivamente, líderes estudantil e sindical, com atuação pública de oposição à ditadura. A trajetória de Paulo sempre foi obscura.
- Paulo teve relevância, foi da comissão militar da guerrilha e do comitê central do PC do B. Pensava a estratégia do partido - conta Deusa Maria Sousa, doutora em História.
Foi ela quem localizou as duas fotos do militante conhecidas até então, ambas 3x4. Uma do guerrilheiro com 19 anos, na escola Annes Dias, de Cruz Alta, e outra dele já adulto, encontrada no acervo de uma entidade de classe gaúcha.