O depoimento de Lucas Paquetá à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas foi adiado para o dia 3 dezembro. O jogador do West Ham e da Seleção Brasileira foi convidado pelos senadores para dar sua versão sobre as acusações de envolvimento em suposto esquema de apostas em partidas em 2022 e 2023 e falaria nesta quarta-feira (30), a partir das 14h30min. Mas a defesa do atleta pediu o adiamento e a solicitação foi aceita pela CPI.
A informação foi confirmada pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da comissão.
— Foi definido o adiamento. Ele (Paquetá) está preparando a defesa dele — disse o senador.
Acusação
Paquetá está sendo investigado pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) por má conduta em quatro jogos do West Ham, no Campeonato Inglês, entre 2022 e 2023, nos quais ele teria forçado cartões amarelos para beneficiar apostadores. O jogador nega as acusações e não quer se explicar ao Senado. A reportagem entrou em contato com o estafe do jogador, mas não obteve retorno.
Os advogados do jogador tentaram pela segunda vez o adiamento, já que a primeira tentativa havia sido negada pela CPI. Eles argumentam que o atleta está focado em elaborar sua defesa perante a federação inglesa para ser apresentada em dezembro — sua audiência na FA está marcada para março de 2025.
— Nessas condições, entendemos que sua participação em um depoimento perante a CPI na data agendada poderia comprometer o exercício pleno de seu direito de defesa, gerando o risco de decisões inconsistentes e especulações midiáticas desnecessárias — afirmou a defesa de Paquetá.
Paquetá foi convidado — e não convocado — a prestar depoimento atendendo ao pedido do presidente e do vice-presidente da CPI, os senadores Jorge Kajuru e Eduardo Girão (Novo-CE).
Investigação
O Senado nacional investiga denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, justamente com foco no mercado de apostas esportivas, e quer explicações de Paquetá, mesmo com seu caso ocorrendo na Inglaterra.
O nome de Paquetá retornou à pauta brasileira após reportagem publicada pelo Uol apontar transferências bancárias de familiares do meio-campista para Luiz Henrique, do Botafogo. A publicação foi anexada à investigação em curso na FA, na Inglaterra.
Paquetá está na mira do tribunal por cartões amarelos "suspeitos" recebidos nas partidas diante do Leicester em 2022, contra o Aston Villa, o Leeds United e o Bournemouth em 2023, todos no Campeonato Inglês. A investigação já dura um ano. Ele pode até ser banido do futebol caso se comprovem as fraudes. A FA fez mais duas denúncias ao jogador. De acordo com o jornal The Sun, agora por "obstrução à investigação", já que ele se desfez do celular que era analisado pela entidade britânica.
O meia vem defendendo seu clube na Inglaterra e a Seleção Brasileira enquanto não se comprova sua participação no esquema de apostas. Em 2023, quando o caso veio à tona, o jogador foi cortado da convocação do então técnico Fernando Diniz. Ele retornou a defender o Brasil neste ano, já sob o comando do treinador Dorival Júnior.
Tio vai depor
Tio de Lucas Paquetá, Bruno Tolentino também foi convocado a depor. E a data de seu depoimento está mantida. Ele falará com os senadores nesta quarta (30), a partir das 14h30min. No entanto, conseguiu habeas corpus no STF, concedido pelo ministro Nunes Marques, para ficar calado durante a oitiva.
A convocação de Bruno Tolentino é justificada por sua suposta "participação em operações financeiras" que levantam "suspeitas de envolvimento em esquemas de apostas esportivas", de acordo com o requerimento do presidente da CPI, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO).
O documento se baseia em reportagem que indica que Bruno Tolentino e seu filho, Yan, teriam transferido R$ 40 mil ao atacante Luiz Henrique, hoje no Botafogo, logo após ele ter recebido dois cartões amarelos, quando defendia o Betis, da Espanha, em 2023, levantando a possibilidade de beneficiar apostadores. O jogador foi investigado pela Real Federação Espanhola de Futebol, mas o processo acabou arquivado.
— A oitiva do convocado será fundamental para elucidar o contexto das transferências financeiras, os detalhes de suas apostas e possíveis influências nas competições — justificou Kajuru.