O Palmeiras teve tempo para se preparar, descansou, amadureceu, ganhou reforços, e contou com apoio maciço de seu torcedor nos Emirados Árabes Unidos. Era a maior chance de alcançar o topo do mundo. Mas o sonho foi adiado. Neste sábado (12), o time de Abel Ferreira mostrou valentia, mas perdeu para o Chelsea por 2 a 1 no estádio Mohammed Bin Zayed, em Abu Dhabi, e voltará ao Brasil sem a taça do Mundial de Clubes da Fifa.
O triunfo do Chelsea foi conquistado com drama, na prorrogação, depois que Lukaku havia aberto o placar em cabeceio no início do segundo tempo e Raphael Veiga empatado poucos minutos depois em pênalti cometido por Thiago Silva. No segundo tempo da prorrogação, foi Luan quem colocou a mão na bola dentro da área. No fim, o defensor foi expulso para completar a sua noite infeliz.
Um ano depois do Catar, o zagueiro voltou a falhar em um momento crucial. Havertz cobrou com categoria e deu ao time londrino o seu primeiro título mundial. Em maior número nas arquibancadas do estádio árabe, que recebeu pouco mais de 32 mil torcedores, os palmeirenses lamentaram o revés, mas aplaudiram os atletas ao fim da partida. Embora não deem tanta importância ao torneio, os londrinos festejaram.
Abel tem o time nas mãos e prova disso é a exibição do Palmeiras no primeiro tempo. Como quer seu treinador, o time teve postura segura. Armou-se em uma linha de seis e deixou a bola com o Chelsea a fim de sair em transições rápidas. A armadilha foi montada para o contra-ataque. Os ingleses deram espaços, e os brasileiros foram mais perigosos, mas não aproveitaram. Foi um jogo estudado, nervoso, o que impediu que a qualidade técnica dos dois aparecesse. Nos minutos finais, Mount se lesionou e deu lugar a Pulisic.
O cenário mudou no segundo tempo. O jogo se abriu. Com outra postura, o Chelsea retornou melhor, mais agressivo, e chegou ao gol com seu craque, Lukaku. O belga recebeu cruzamento de Odoi pela esquerda, achou um espaço nas costas de Luan e cabeceou para as redes aos nove minutos.
O gol não calou os palmeirenses, maioria absoluta no estádio. Sob o grito de "vamos virar, porco", o time de Abel contou com uma falha brasileira, de Thiago Silva, para empatar. O zagueiro colocou a mão na bola dentro da área. O juiz, inicialmente, nada marcou, mas reviu o lance no monitor do VAR e apontou a marca da cal.
Raphael Veiga manteve seu aproveitamento perfeito em penalidades com a camisa do Palmeiras e deslocou Mendy para marcar aos 21 minutos. São 16 tentativa e 16 acertos do meio-campista, que não erra uma cobrança há mais de três anos.
O Palmeiras aproveitou a empolgação após o gol e, empurrado pela torcida no estádio, que recebeu 32.175 torcedores, se soltou a fim de conseguir o triunfo no tempo normal. Mas não conseguiu mais achar brechas da defesa do rival e o jogo se encaminhou ao tempo extra.
A partida seguiu nervosa e emocional na prorrogação. O Chelsea continuou com a bola, arriscou mais e mandou uma bola no travessão em dividida de Piquerez e Pulisic. Àquela altura o Palmeiras já não tinha mais Veiga e Rony, substituídos. Dudu passou a ser o falso 9, mas, exausto, também saiu.
Luan havia trabalhado calado e tinha reconquistado o prestígio com a torcida. Mas um ano após falhar no Catar, o defensor voltou a cometer um erro crucial. Tão qual Thiago Silva, colocou a mão na bola e bloqueou arremate do Chelsea dentro da área. Novamente com o auxílio do VAR, o australiano Chris Beath marcou a penalidade.
Havertz converteu com categoria para garantir o título dos ingleses e a tristeza dos palmeirenses, que voltam para o Brasil orgulhosos de seu desempenho, mas sem a taça. Terão de ouvir a provocação dos rivais por mais um longo tempo. No fim, Luan ainda fez falta violenta e levou o vermelho. Uma noite para o zagueiro esquecer. A viagem será longa.
FICHA TÉCNICA
CHELSEA 2 X 1 PALMEIRAS
CHELSEA: Mendy; Christensen (Sarr), Thiago Silva e Rudiger; Azpilicueta, Kanté, Kovacic (Ziyech) e Hudson-Odoi (Saúl); Mount (Pulisic), Havertz e Lukaku (Werner). Técnico: Thomas Tuchel.
PALMEIRAS: Weverton; Gómez, Luan e Piquerez; Marcos Rocha, Danilo, Zé Rafael (Jailson) e Gustavo Scarpa; Raphael Veiga (Atuesta), Dudu (Rafael Navarro) e Rony (Wesley). Técnico: Abel Ferreira.
GOLS: Lukaku, aos 9, Raphael Veiga (pênalti), aos 21 minutos do segundo tempo. Havertz (pênalti), aos 11 do segundo tempo da prorrogação.
LOCAL: Estádio Mohammed Bin Zayed, em Abu Dhabi.