O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira foi banido à vida por corrupção pela Fifa, anunciou nesta sexta-feira a entidade que rege o futebol no mundo.
Genro do ex-presidente da Fifa João Havelange, falecido em 2016, Teixeira foi banido e multado em um milhão de francos suíços (cerca de 4,2 milhões de reais) por receber propina de empresas em troca da venda preferencial de direitos de televisão e marketing de competições organizadas pela CBF, Conmebol e Concacaf.
Membro do comitê executivo da Fifa durante muitos anos, Teixeira foi presidente da CBF entre 1989 e 2012.
A investigação aberta contra Teixeira pela comissão de ética da Fifa, a justiça interna da entidade, detalha "diversos esquemas de corrupção essencialmente praticados durante o período 2006-2012".
Diferentemente de seu sucessor na presidência da CBF, José Maria Marin, preso em Zurique em 2015, extraditado e condenado a quatro anos de prisão pela justiça dos Estados Unidos por seu envolvimento em um enorme escândalo de corrupção conhecido como 'Fifagate', Teixeira vive em liberdade no Brasil.
Marco Polo Del Nero, que substituiu Marin no comando da CBF e estava na Suíça no momento das prisões, mas conseguiu voltar ao Brasil, também se encontra livre em território nacional, apesar de ter sido banido do esporte pela Fifa.
Por envolvimento no Fifagate, somente dois ex-dirigentes do futebol sul-americano foram julgados nos Estados Unidos: Marin e Juan Ángel Napout, ex-presidente da Federação Paraguaia de Futebol, condenado a nove anos de prisão, também por aceitar subornos de empresas em troca de favorecimentos na negociação de torneios continentais, entre eles a Copa América e a Copa Libertadores.
- Prisões na Suíça -
A estrutura da Fifa ficou abalada quando, em maio de 2015, sete altos dirigentes do futebol foram presos em um hotel de luxo de Zurique a pedido das autoridades americanas, às vésperas do congresso da entidade que reelegeu Joseph Blatter.
O suíço, porém, teve que abandonar a presidência da Fifa poucos meses depois, também envolvido em acusações de corrupção.
Antes do Fifagate, Teixeira, aliado de Blatter, havia conseguido fazer com que o Brasil vencesse a votação para sediar a Copa do Mundo de 2014 e é um dos principais envolvidos no 'caso ISL'.
Dona dos direitos exclusivos da Copa do Mundo, a ISL, uma agência global de marketing esportivo, declarou falência em 2001. Segundo os documentos judiciais publicados em 2012, a empresa pagou subornos a Havelange.
No total, Havelange e o genro Ricardo Teixeira receberam mais de 40 milhões de dólares em subornos da ISL entre 1992 e 2000. Os pagamentos eram apresentados como comissões, numa época em que esse tipo de negócio não era considerado como corrupção na Suíça.
* AFP