À primeira vista, você pode achar o pivô do Philadelphia 76ers um sujeito bastante desprezível. Dentro de quadra, Joel Embiid é mesmo um homem de despertar raiva. Grita na cara de adversários, provoca torcedores. A cada cesta que converte, sorri para a frustração do defensor. Para completar, trata-se de um armário de 2m13cm e 113 quilos. Um gigante, mesmo para os padrões da NBA.
Mas antes de enlouquecer fãs das outras 29 franquias da principal liga de basquete do mundo, Embiid sofreu. Nasceu em Camarões, que, combinemos, não é o lugar mais adequado para o camarada que sonha em se tornar astro do esporte norte-americano. Desembarcou nos Estados Unidos aos 16 anos, descoberto em um camp promovido pelo também camaronês Luc Mbah a Moute, hoje jogador do Los Angeles Clippers.
Destaque universitário por Kansas Jayhawks, foi a quarta escolha do draft de 2014, mas as lesões lhe tomaram os dois primeiros anos como profissional. Quando estreou, em 2016, registrou médias de 20.2 pontos e 7.8 rebotes nos pouco mais de 25 minutos que conseguia ficar em quadra. Ainda assim, uma nova cirurgia no joelho abreviou sua temporada com apenas 31 jogos. Só no ano passado, quando liderou a equipe às semifinais da Conferência Leste, consolidou-se como um dos grandes nomes do esporte.
Embiid chegou à temporada 2018-2019 como um dos favoritos ao troféu de MVP, dado ao melhor jogador do ano – ou mais valioso, como preferem chamar os norte-americanos. Mas logo no primeiro jogo daquele que deveria ser seu grande ano, Embiid, o provocador, foi humilhado. Tomou toco de Terry Rozier, 28 centímetros mais baixo, tentou bloquear enterrada de Jaylen Brown e acabou estirado no chão. No final do jogo, ele foi driblado por Jayson Tatum e, além dos dois pontos, recebeu do adversário uma piscada, determinando o vencedor da noite. Festa da torcida do Boston Celtics e de todos os haters de Joel Embiid pelo mundo.
O grande momento do jogo, no entanto, só foi visto no dia seguinte. Em vídeos divulgados pela NBA, Embiid se mostrava o mesmo de sempre, mesmo perdendo. Sorria, brincava, provocava e até elogiava os rivais para se justificar.
— Estou fazendo meu trabalho, você que está acertando arremessos difíceis — brincava.
Afinal, para quem passou por tantas dificuldades na vida, mesmo os momentos mais difíceis são levados com bom humor e leveza.
Em tempos como o nosso, há dias em que eu queria ser como Joel Embiid.