Gostaria de conseguir detestar Ronaldinho, da mesma maneira com que a maior parte da torcida do Grêmio o faz. É minha vontade. Mas não passa disso. A magia que ele proporcionou a mim e ao futebol fala mais alto. Magia, sim, porque nesse esporte há craques, gênios e mágicos. Ele foi de tudo um pouco. Cada ida ao Olímpico entre 1998 e 2000 significava, antes de qualquer coisa, assistir ao Ronaldinho. Era mais atração do que o jogo em si. Ao menos para a criança em questão. R10 sempre brilhou no Monumental, com a camisa do Tricolor ou do adversário. Sentia-se em casa. Ele mesmo costumava dizer que era a sua segunda. Vi muitos jogos do menino in loco, mas só com o uniforme do Grêmio. Se não todos, quase. Como caía-lhe bem aquela 10. Não quis enxergá-lo como oponente, mesmo tendo vibrado muito, no conforto do sofá, com aquele 4 a 2 sobre o Flamengo e gostando da indignação dele quando venceu com o Galo. Ali, finalmente, demonstrou sentimento, fosse raiva ou rancor. Sentiu o que todos os gremistas sentiram desde sua saída. Tive aquele prazer mórbido que só aos humanos é concedido: o de ver alguém provar do próprio veneno.
De fora da área
Gabriel Araujo: perdão, gremistas
O mágico Ronaldinho, que se aposentou nesta semana, é o tema abordado pelo jornalista