Apenas 27 jogos, nenhum gol e algumas polêmicas marcaram a passagem de Willians pelo Corinthians. Contratado no início de 2016 com a expectativa de ser o substituto do ídolo Ralf, o volante enfrentou no clube de Parque São Jorge alguns dos momentos mais delicados de sua carreira, como as vaias recebidas antes de entrar durante um jogo e o bate-boca com um torcedor, que acabou resultando em seu afastamento do elenco. Hoje sem espaço no Cruzeiro, o jogador olha para trás sem mágoas, mas diz se arrepender de algumas atitudes e revela que alguns problemas familiares o afetaram no Timão.
Willians afirma que "a ficha caiu" depois que ele deixou o Corinthians. Entretanto, ele discorda da análise de que tenha jogado mal na equipe:
- Sempre que entrei tentei agarrar com unhas e dentes. Nos 27 jogos que joguei, não fui mal em nenhum. Sempre dei meu máximo, batalhei para dar vitórias ao Corinthians. Não posso falar que fiz minha parte, porque não joguei nem metade dos jogos do time no ano, mas quando entrei e joguei sempre dei conta do recado - comentou.
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O volante de 31 anos não revela qual foi o problema familiar enfrentado, mas afirma que isso influenciou diretamente em seu desempenho em campo.
Já sobre a discussão com um torcedor que protestava na saída do CT Joaquim Grava, ele analisa:
- A torcida do Corinthians sempre apoia, mas quando você está em seu local de trabalho você tem que ser respeitado. Ele me xingou de tudo que é nome, de mercenário, e aconteceu o que aconteceu. Mas eu não levantei a mão pra ele, não xinguei, nem o agredi. O vídeo diz tudo. Mas não levo mágoa de ninguém, cada um tem que se levar sua carreira ao extremo, fico feliz que Corinthians está bem agora.
Willians acreditava que poderia ter chances no retorno ao Cruzeiro, mas o técnico Mano Menezes não conta com o volante, que tem treinado sozinho e aguarda propostas de outros clubes. Entre um trabalho e outro, o jogador abriu um espaço na agenda para conceder uma entrevista. Confira:
Como está lidando com o fato de não estar jogando no Cruzeiro?
Está sendo bom, tive um aprendizado muito grande no ano passado, acabei pagando um pouco por causa disso. Hoje estou treinando separado no Cruzeiro, mas sei que foi mais por culpa minha mesmo, das coisas que aconteceram. Caiu a ficha. É quando você vê que acaba sendo um pouco descartado... Ainda mais com a qualidade que tenho, todo mundo sabe, joguei em grandes clubes. Estou em uma etapa difícil, mas sei que Deus tenha uma nova oportunidade para mim.
Olhando para trás, qual a sua análise da passagem pelo Corinthians?
Cheguei com a expectativa de poder jogar e acabei não tendo essa chance. Joguei jogos com Tite, ele saiu e acabei tendo uma decaída por um negócio de família que tive. Juntou tudo e acabei me perdendo um pouco no meu objetivo. Comecei a treinar bastante, firme, até joguei com o Oswaldo. Fiquei feliz quando tive sequência. Sempre fiquei pronto para quando tivesse a oportunidade. Teve até o jogo contra o Flamengo, que fazia tempo que não atuava, e fui muito bem. Foi uma história meio triste, meio pra baixo. Imaginava que poderia retomar minha vida e carreira no Cruzeiro.
Você achava que teria chance e isso não ocorreu, é isso?
Eu tinha uma esperança de voltar a atuar. Em 2015 fiz grande campeonato, ajudei naquela fase em que o time não estava bem. Teve uma parcela da minha ajuda, então esperava voltar e fazer um grande campeonato com os companheiros, que são todos meus amigos. Com a comissão também. Quando eu fiquei sabendo que não estava nos planos, deu um baque. Acabei assimilando isso, estou aprendendo, a gente só aprende quando vê as coisas acontecerem.
Esse problema familiar te prejudicou muito?
Minha família é toda de São Paulo, acabou afetando muito, coisa familiar é muito difícil descrever. Isso me afetou muito, me deixou para baixo, acabou refletindo em campo. No Corinthians tive rendimento abaixo do que eu tinha no Inter, no Cruzeiro... Foi mais por causa disso. Mas vida pessoal a gente guarda para a gente.
Aquele atrito com o torcedor na saída do CT também acabou te marcando no clube, não é?
Acho que foi o mais marcante. A diretoria do Corinthians levou como se eu tivesse batido de frente. Mas não foi isso. A gente é homem, tem família, precisa ser respeitado. É como eu ir no emprego de alguém e faltar com respeito.
Teve também o jogo que você foi vaiado ainda no aquecimento...
Torcedor sempre tem um pouco de razão, naquela fase eu não estava nem atuando, eu queria fazer o melhor para o clube, porque sempre dei meu melhor, joguei, dei a vida. Acabou tendo essa divergência... Mas eu não tenho mágoa, o que acontece é ali dentro das quatro linhas, já passou, espero que o Corinthians possa seguir bem e conquistar títulos.
Você diz que "a ficha caiu". O que isso significa?
Eu nunca fiquei tanto tempo sem jogar. Atuei apenas 27 jogos em uma temporada, e isso nunca tinha acontecido. Parei um pouco para pensar, aconteceu o que aconteceu com o Cruzeiro, sentei e conversei com minha família. Estou arrependido pelas coisas que fiz. Agora é cabeça novo, pensamento novo, para poder voltar a jogar, atuar.
O que achou do afastamento do Cristian?
Vi ontem o que aconteceu, mas foi um fato que não entendi muito bem, não posso opinar. Espero que ele possa seguir a vida dele, é grande um jogador.
Como você está fisicamente? Recebeu alguma proposta neste ano?
Estou em forma, venho me cuidando bastante, treino todos os dias, um período, até depois, estou treinando forte para estar bem quando chegar a oportunidade. Faço academia, trabalho com bola... Teve algumas propostas, mas nada concreto, só especulações. Meus empresários estão vendo possibilidades em alguns clubes, espero que seja o mais rápido possível para voltar a jogar futebol.
Para finalizar, você gostaria de deixar um recado ao torcedor corintiano?
Espero que os corintianos possam abraçar o clube, o time, os jogadores que estão atuando hoje, que são meus amigos. Que o torcedor possa apoiar mais o clube, que pare de brigar nos estádios, vá ao estádio com a família, sei que o pessoal que está no Corinthians vai fazer de tudo para ganhar.