Em tempos de Playstation, nesses dias em que discussões de futebol frequentemente descambam para um inexplicável interesse do torcedor sobre como estão as contas do seu clube e que jogadores pulam de galho em galho sem permanecer em time nenhum, eu tenho orgulho de dizer que vivo em outra rotação.
Tomara que, quando eu for velhinho, ainda exista futebol de botão. Porque vou fazer questão de confeccionar o time dos meus netos. Para eles, terei o orgulho de narrar os feitos de um time que começava com Fábio no gol e terminava com Heliardo no ataque.
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Tinha China Balbino como maestro e, não 11, mas 22 jogadores que a cada partida faziam mais do que jogar bola. Vestiam a azul e branco do meu São José para fazer história.
Será o time de 2015/2016 que levarei guardado na memória destes meus atuais 35 anos. Se fecharemos – e eu confio que vamos – essa trajetória com um histórico título do Gauchão, eu ainda não sei. Sei é que, se depender do que esse time é capaz, podem gravar o símbolo do São José neste troféu.
Não é exagero. Os especialistas desacostumados com o Zeca já perceberam um time organizado, marcador, veloz e muitos outros atributos futebolísticos. Não perceberam o que só quem convive quase uma vida toda no verdadeiro clube da Zona Norte é capaz de notar.
É como se durante muitos anos, nós, torcedores, encontrássemos uma barreira no meio do caminho do crescimento do clube. Que se materializava no último lance do jogo, naquele chute que poderia ser certeiro mas desviava em alguém, batia na trave e ia para fora.
Esses guris pensam diferente, sem aquele medo de errar a primeira ou a última bola. Se tem Grêmio, se tem Inter ou se tivesse o Barcelona pela frente, tenho certeza que entrariam em campo com a mesma disposição e vontade de vencer. E isso é transmissível. Quem acompanha o time hoje se sente também como um comandado do China. O que este grupo fez, já desde a Copinha no ano passado, é mudar a alma do São José.
É chutar de vez para longe aquele rótulo do "mais simpático" e mostrar que, para nos baterem, terão de entender que este é um time grande, sim senhor.
Neste sábado, vamos encarar o Inter, e eu digo, com orgulho: Não vai ter Gre-Nal!
*ZHESPORTES