Ao contrário do que muitos esperavam, Marco Polo Del Nero agiu como bombeiro na reunião que recebeu presidentes das 27 federações, na terça-feira passada, na sede da CBF, no Rio. Conteve os dirigentes mais exaltados que desejavam desfiliar os 15 clubes - entre eles Grêmio e Inter - que aderiram à Primeira Liga. Pediu calma e atenção.
Explicou que a Liga só será viável se respeitar as legislações da Fifa, da Conmebol, da CBF e das federações estaduais - ou como disse um dirigente no encontro na Barra da Tijuca: "mudou para não mudar". Deu espaço ao movimento dos clubes, mas sujeitou-os às leis que regem o futebol.
Del Nero não falou de José Maria Marin, preso na Suíça. O presidente da CBF disse que sua ausência nos eventos da Fifa no Exterior é temporária e que o Brasil sempre está representado nos eventos oficiais por gente da sua confiança, vice-presidentes da CBF, assessores, dirigentes próximos. Não explicou os motivos que o levaram a não viajar mais para fora do Brasil. O assunto não foi lembrado nem discutido.
A reunião mostrou que as cinco federações que estão ao lado da Primeira Liga e fazem oposição moderada à CBF estão divididas. No Rio de Janeiro, Flamengo e Fluminense, adeptos da Liga, querem destituir o presidente da federação local - o mesmo acontece no Paraná.
No Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, a relação dos quatro grandes clubes com as federações dos dois Estados é boa - com o Grêmio, um pouco menos.
Em Santa Catarina, o presidente Delfim Peixoto tem o apoio dos dirigentes locais e investe contra a CBF pelo direito de substituir Del Nero caso ele seja apanhado pela Justiça. O catarinense é adversário ferrenho do paulista.
O movimento é uma tentativa de organizar uma liga de clubes que faria a gestão das competições, como Brasileirão, Copa do Brasil, entre outras. A CBF ficaria com a Seleção.
A queda de braço entre os grandes clubes, a CBF e as federações recém começou. Ninguém arrisca desenhar o futuro atrás das quatro paredes da CBF.
*ZHESPORTES