O bucólico campo de futebol do Colégio Anchieta, desenhado entre as árvores do Morro do Sabiá, na beira do Guaíba, ganhou as feições do Estádio Santiago Barnabeu. Desde segunda-feira, Porto Alegre é mais uma casa do Real Madrid.
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Um dos braços planetários do clube mais famoso e rico do mundo, a Fundación Real Madrid encerra nesta sexta-feira uma clínica de cinco dias endereçadas a jogadores de futebol entre seis e 15 anos, filhos de famílias de classe média alta dispostas a investir entre R$ 1.050 e R$ 1,8 mil nos pés dos futuros craques de bola.
- Não é peneira. O projeto é ensinar os valores do clube, como trabalho em equipe, solidariedade, amizade, respeito e educação - informa o paulistano Daniel Gastaldi, 30 anos, coordenador nacional do projeto.
A força da marca do time espanhol chamou 64 alunos.
- A meta era 50. Gostamos. Faremos outra clínica na cidade em junho - garante Vítor Hugo Deobber, 43 anos, que atraiu a Fundación, dona de um trabalho muito forte na América de língua espanhola, ao Rio Grande do Sul.
Um dos três professores da base do Madrid presentes - ao lado de um trio brasileiro -, José Soto, 49 anos, não pensa em descobrir talentos.
- Quem faz a peneira é outro grupo. Nós só tentamos transmitir os valores do Real Madrid. Ensinar. Claro, se aparecer alguém fora da curva, comunicaremos ao setor correto. Estive nos Estados Unidos e em Dubai, mas os brasileiros têm uma técnica superior.
Em campo, divididos em dois grupos, maiores de um lado, menores do outro, todos correm e se empenham como se vivessem a partida das suas vidas. Chutam, passam, driblam, dão carrinhos. Vivem treinadas situações de jogo como se fossem integrantes da sub-13 ou sub-14 do Real Madrid.
- Gosto do James Rodríguez, nem todo mundo que ser Cristiano Ronaldo - avisa Luís Eduardo Vendruscolo, 10 anos, faceiro, exibindo um suado fardamento do Inter e analisando dois craques do time espanhol.
-E eu, o Bale -anuncia o sorridente Guilherme Brunelli, nove anos, enfiado numa camisa número 10 do Grêmio.
No outra parte do campo, corre o canhoto Arthur, 15 anos, que já atua na base do Grêmio. Na beira do gramado, Jorge Adriano Foreck, 36 anos, sonha grande com outro Arthur, o filho de oito anos. Matriculou o pequeno lateral em duas escolinhas, uma colorada e outra gremista:
-A experiência vale. O Arthur pode conhecer como trabalham professores europeus.
No meio de 63 garotos, mas na turma dos menores, Maria Augusta Franke, nove anos, destoa. Ela é a única guria, mas é respeitada até pelos mais altos. Em casa dorme num quarto pintado de vermelho, é colorada e adora ganhar camisas de times.
-Sou da zaga. Gostava do Índio (ex-Inter). Jogo contra guri ou guria, não tem problema.
A Fundação Real Madrid Campus Experience (frmcampus.com.br) deixará o Estado na semana que vem. Entre os dias 19 e 23 próximos, faz clínicas em Capão da Canoa. Não é um novo CR7 que a atrai. É a educação.
Nada de peneira
Luiz Zini Pires: Real Madrid faz clínica de futebol em Porto Alegre
Luiz Zini Pires
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