Despesas x Receita. A partir desta temporada, os clubes europeus precisarão empatar esta hipotética partida orçamentária se quiserem continuar a disputar as competições da União das Associações de Futebol da Europa (Uefa). Ou seja, não poderão gastar mais do que arrecadam.
Preocupada com a sustentabilidade do futebol do continente, a entidade começa a colocar em prática neste ano o sistema de Fair Play Financeiro.
Uma das principais iniciativas da gestão do presidente Michel Platini - desde 2007 à frente da entidade - nasceu em 2009. Percebendo o aumento gradativo da pirâmide inflacionária dos clubes europeus, e a imprudência de dirigentes e proprietários nos gastos e investimentos, a Uefa resolveu criar um programa de responsabilidade fiscal. O regulamento seria aprovado pelo Comitê Executivo um ano depois.
Para se ter uma ideia, no último relatório de desempenho (referente a 2010), divulgado em janeiro desse ano, 29% dos mais de 650 clubes das 53 federações nacionais que integram a Uefa apresentaram déficit em suas contas. Se levarmos em conta apenas os grandes clubes, com receitas superiores a 50 milhões de euros, o percentual sobe para 70%. Na última temporada, 101 dos 591 clubes que passaram pelo processo de licenciamento da Uefa tiveram a concessão negada.
De acordo com as normas da entidade, a primeira temporada na qual os clubes poderão ser punidos com a exclusão de competições europeias, como Liga dos Campeões e Liga Europa, caso tenham desequilíbrio nas finanças, é a de 2014/2015. No entanto, o período de avaliação envolve os três balanços anuais anteriores à temporada. Sendo assim, o relatório de 2012 já será monitorado pela Uefa.
Por outro lado, nas primeiras duas temporadas do Fair Play serão permitidos diferenças entre gastos e receitas de até 45 milhões de euros, desde que os proprietários ou acionistas consigam cobri-las. Essa margem, contudo, cai a partir da temporada 2015/2016 para 30 milhões de euros e deve se fixar em, no máximo, 5 milhões de euros a partir de 2018/2019. Os clubes serão supervisionados e punidos pelo Órgão de Controle Financeiro de Clubes da Uefa, criado em junho passado, em substituição ao Painel de Controle Financeiro, que não tinha a competência para impor medidas disciplinares.
Mesmo no período de transição, o AEK, da Grécia, e o Besiktas, da Turquia, já foram punidos pela irresponsabilidade financeira e não puderam disputar a Liga Europa.
Antes de bom time, para se levantar taça no futebol europeu é preciso ter responsabilidade.
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