Tentei assistir ao primeiro jogo das finais da Libertadores, desde a última quarta-feira de novo em mãos argentinas, agora as do River Plate. A ida foi no México, contra o Tigres. Seria impossível tirar os olhos da TV, imaginei quando me sentei diante do sofá. Ir ao banheiro seria perder um lance definitivo, uma jogada de rara beleza.
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Errei. Errei rude, como diz a piazada em mais uma daquelas gírias de vida tão longa como uma polêmica no Twitter. Foi uma partida lenta, burocrática, sem alternativas. Chata. Os mexicanos davam uma chegadinha no ataque, aí os argentinos davam o troco sem muito entusiasmo. Ficaram nessa, Tigres e River, e assim caminharam para o 0 a 0, o pior dos resultados.
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No futebol, quando o gol não sai, há um fracasso coletivo. Não suportei aquela tortura até o fim. Confesso que mudei para Atlético-MG e São Paulo, que se enfrentavam na mesma noite no Mineirão.
Se você assistiu à finalíssima, no Monumental de Nuñez, concordará comigo. O River aplicou 3 a 0 até com certa facilidade, mas sem que o placar tenha sido produto de um futebol de campeão, aquele no qual você grava um gol na retina, para sempre.
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Não se viu uma jogada que encantasse, uma troca veloz de passes de primeira, um drible inventivo, um genuíno talento promissor. Nada de diferente. Tudo óbvio. E, por isso, preocupante.
O Inter jogou pouco e foi até a semifinal. O Guaraní, do Paraguai, vamos combinar, não é exatamente uma grife assustadora. Foi passando de fase mais por não levar gols do que por criá-los.
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O Tigres, viu-se diante do River, não era o Barcelona. Um bom time, organizado e recheado de jogadores de qualidade, sem dúvida. Mas que pareceu melhor do que é graças ao Inter, que não ofereceu resistência por desorganização tática e adoção da estratégia equivocada.
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O River Plate é um campeão medíocre. Cavenaghi, seu centroavante, era tão ex-jogador, daqueles de mal tocar na bola, que até se aposentou no dia seguinte. Não chutou a gol no Monumental, mas tinha espaço no River. Pois mesmo neste universo medíocre da América do Sul, o Brasil encaixou o Inter numa semifinal a fórceps. E deu.
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Se você assistiu aos torneios de verão da Europa, aqueles preparatórios nos quais as máquinas se enfrentam, deve ter sentido o mesmo que eu. Parecia outro esporte, com velocidade, lances verticais e bola girando nas imediações da área adversária, e não aqui atrás, como se vê por aí.
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E olha que eles estão só começando a temporada 2015-2016. A diferença, entre nós, sul-americanos, e eles, europeus, aumentou demais. No ano passado, San Lorenzo e Real Madrid, na final de Marrakesh, parecia rachão no Santiago Bernabéu. Tenho pena do River contra o Barcelona, em dezembro.
A lógica, se nenhuma tragédia ocorrer até lá, é: vira em três; acaba em seis. Do jeito que a crise se apodera dos clubes brasileiros, a cada dia com elencos menos qualificados, fico pensando aqui comigo: quando um brasileiro será campeão mundial novamente?
O Santos levou aquela surra do Barcelona. O Galo parou no Raja Casablanca. O Inter, antes, naufragara diante do Mazembe. A exceção foi o Corinthians, mas aí houve muita sorte. O Chelsea, com um retrancão impossível, barrou o Barcelona na Champions daquele ano, algo que em 100 anos não se repetirá. Drogba foi zagueiro, lembram?
Em resumo: o futebol dos clubes brasileiros é coadjuvante mesmo nesta medonha ruindade do continente. Colocando tudo no caldeirão - 7 a 1, José Maria Marin preso, CBF sob suspeita, Copa América, fiascos na Libertadores -, não dá certo pânico para as Eliminatórias? Não haverá Neymar, suspenso nas duas primeiras rodadas, e a primeira é já contra o festejado Chile.
Na boa, tenho medo. Tenho medo até da Venezuela chavista e do Peru, de Paolo Guerrero. E o Equador? Sei não. Nunca se sabe. Que fase, nossa.
Opinião
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Diogo Olivier
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