
Foi uma insanidade completa. Em um tenebroso pesadelo que tive nessa semana, sonhei com um Inter escalado com onze Brunos Baios. Do goleiro ao Bruno Baio, todos eram Brunos Baios. Acordei assustado, cama revirada, suor escorrendo pela testa. Um delírio onírico que, para a minha completa infelicidade, foi superado em tristeza pela realidade que chegaria neste domingo.
Nada do que aconteceu na vida real futebolística fez sentido neste Inter e Botafogo. O modorrento e tenebroso futebol colorado deu lugar a uma atuação interessante, reforçada por uma posse de bola barcelonesca e uma pilha crescente de chances de gol desperdiçadas. Tudo seria lindo, coisa de sonho mesmo, não fosse o placar: o INFÉRTIL Botafogo, que tinha anotado apenas oito gols em dez rodadas, que ocupava a décima nona colocação em um campeonato com vinte times, vencia por dois a zero ao final do primeiro tempo.
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O gigantesco pesadelo que se desenhava na tarde cada-minuto-mais-fria do Beira-Rio ficou ainda pior quando Fabinho acertou uma voadora em forma de carrinho e foi expulso. Já era ruim com onze contra onze. Com um a menos, o segundo tempo se desenhava absolutamente inútil para as nossas esperanças de acabar o final de semana líderes. Alguém, pelo amor do senhor, me belisque.
Argel até fez o que pode. Gritou bastante, deve ter dado mais uma espetacular palestra motivacional de vestiário. Voltamos com Alex na lateral esquerda e Marquinhos no meio. Com um campo mal ocupado e uma movimentação frenética de lado a lado, o segundo tempo foi a definição de JOGO EM ABERTO. O Inter amassava de cá e o Botafogo respondia com algum contra-ataque fulminante gozando de superioridade numérica e apavorando todos os que vestem vermelho.
No meio desse caos, Sasha diminuiu. Uma bucha. Eu ainda gritava palavrões enquanto caminhava de um lado para o outro quando o tal de CAMILO, que de repente é o maior camisa 10 dos últimos 50 anos de Botafogo (isso que era a sua estreia), acertou um chute tão pilantra quanto maravilhoso. Era o 3 a 1.
Quase que imediatamente Ernando (que tem sido muitas vezes mais valoroso no ataque do que na defesa nessas últimas rodadas) mandou um testaço no ângulo. Volta o caos. Volta a loucura. Volta a insanidade completa nos nossos ataques meio-que-de-qualquer-jeito e nos cada vez mais assustadores avanços alvinegros.
Bruno Baio, o do meu pior pesadelo, quase fez. Teve milagre do Cidão, teve um cara chamado GERVASIO NUÑEZ em campo, nós quase levamos quatro, cinco… nem quero pensar o que poderia ter acontecido nessa partida completamente torta e maluca. Queria era acordar. E, se um dia eu sonhei em ser campeão brasileiro, parece que hoje – finalmente – me beliscaram.