Claro que a condição de vida de Fabrício deve ser levada em conta na análise de seus surtos, para além de dar as costas aos companheiros com a bola em jogo, ofender torcedores, jogar a camisa no chão aos palavrões e prometer abandonar o clube. Não estamos na Noruega.
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A maioria dos brasileiros não tem condições de crescer com bons exemplos em casa para atingir a maturidade emocional. Sua explosão às vaias (a democracia é o regime da vaia, não do aplauso) é compreensivel, neste sentido. Mas nosso futebol está cheio de jogadores vitimados por dramas sociais que hoje são exemplos de superação.
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Lembro de um, sem relação específica com Fabrício, mas emblemático acerca desta questão. Dadá Maravilha é a tolerância e a bondade em pessoa. Pois quando criança, Dario viu a mãe atear fogo no próprio corpo. O pai, sem condições de criar a ele e seus dois irmãos, deixou o trio na Funabem do Rio. Revoltado, Dario chegou a ser preso por furto, aos 19 anos.
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Andava com faca. Sofreu. Cresceu. Aceitou ajuda. Libertou-se no mundo da bola. O drama social não pode servir de álibi. Um erro como o de Fabrício tem de ser punido. O precedente, se aberto, é grave. Pode jogar a camiseta no chão e fazer gestos obscenos, sem tirar as crianças da sala? O Inter perdoou Fabrício das outras vezes. Isso o ajudou, como cidadão?
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Nada de crucificá-lo, é bom que se diga. Ele não cometeu crime algum. Não se trata de punir com raiva, como se fosse vingança. Aí seria um erro. Mas a saída, e o Inter terá de encontrar uma até segunda-feira, tem de ser severa, de preferência em comum acordo com o jogador. Deixar passar como se nada tivesse acontecido, apostando no esquecimento, é a pior opção.
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Opinião
Diogo Olivier: o Caso Fabrício e o álibi social
Diogo Olivier
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