
O ano de 2022 marcará a terceira passagem do Grêmio pela Série B do Brasileirão. Nas anteriores, em 1992 e 2005, o Tricolor conseguiu o acesso e retornou à primeira divisão na temporada seguinte. Após a queda ocorrida em maio de 1991, o Grêmio ainda disputou naquele mesmo ano a Copa do Brasil, onde ficaria com o vice-campeonato, a Copa Governador do Estado, o Gauchão e a Supercopa Libertadores. Neste período, Renato Portaluppi voltou a vestir a camisa tricolor por 17 partidas.
Para a disputa da Série B de 1992, o Grêmio manteve o técnico que dirigiu o time no segundo semestre do ano anterior — o campeão mundial Valdir Espinosa — e 11 jogadores que participaram da campanha do rebaixamento: o goleiro Emerson Ferretti, o lateral Chiquinho, os zagueiros Vílson e João Marcelo, os volantes Jandir e Jamir, os meias Caio, Assis, Mabília e Biro-Biro e o atacante Alexandre.
Os reforços foram modestos e 12 atletas desembarcaram no Olímpico: o goleiro Ademir Maria, o zagueiro Sandro Blum, o lateral-esquerdo Xará, o volante Caçapa, os meias Alaércio e Daniel e os atacantes Carlinhos, Sinval, Tico e Tato. O mais badalado de todos era o meia Cuca, que depois de brilhar no Tricolor entre 1987 e 1990 foi vendido ao Real Valladolid, voltou ao Brasil para atuar emprestado no Inter em 1991, e foi cedido pelo espanhóis ao Grêmio. No decorrer do campeonato, ainda chegaria o centroavante Marcos Severo, que estava no Londrina.
Em 1992, 266 dias após a queda de divisão, num domingo, 9 de fevereiro, o time treinado por Valdir Espinosa enfrentou o Operário-MS, em Campo Grande, e depois de largar vencendo por 2 a 0, gols marcados pelo centroavante Sinval, acabou cedendo o empate. A equipe que entrou em campo teve: Emerson Ferretti; Chiquinho, Grotto, Vílson e Lira; Jandir, Pino (Alexandre), Caio e Juninho (Assis); Alcindo e Sinval.
Logo depois, em Várzea Grande, veio a primeira vitória do Tricolor na Série B. Com gols de Juninho e Caio, o Grêmio bateu o Operário-MT. Mas o começo foi bastante complicado, com uma vexatória derrota por 3 a 0, para o São José-SP, mais uma vez longe de casa. No dia 20 de fevereiro, no Olímpico, uma derrota por 1 a 0 para o América-MG, decretou uma crise interna e a queda do técnico campeão do mundo em 1983.
Sem Espinosa, a direção agiu rápido e trouxe Ernesto Guedes, que fez sua estreia na vitória por 2 a 0 diante do Londrina, em Porto Alegre. Integrante do Grupo 4, o Tricolor terminou a fase de classificação em terceiro lugar, atrás de América-MG e Paraná, e garantiu vaga na segunda fase, e consequentemente o acesso, já que o regulamento determinava que os 12 classificados para esta etapa estariam garantidos na Série A do ano seguinte.

O jogo que assegurou a volta gremista à elite ocorreu em 8 de abril, no Olímpico. Diante de 56.450 torcedores, o Grêmio goleou o Operário-MT por 7 a 1, com gols de Cuca, Lira, Carlinhos, Juninho, Caçapa, Biro-Biro e Caio. O time que atuou naquela noite teve: Emerson Ferretti; Chiquinho, Luciano, Vílson e Lira; Jandir (João Marcelo), Caçapa, Caio e Juninho; Cuca e Carlinhos (Biro-Biro).
Nesta fase, ocorreu uma mudança do regulamento, que previa que as 12 equipes se enfrentariam no sistema de mata-mata até restarem três, que disputariam o triangular final. Porém, a CBF resolveu dividir os times em três grupos de quatro e o Grêmio ficou em terceiro em sua chave, que teve Criciúma e Paraná nas duas primeiras posições. Segundo as regras, os dois primeiros avançariam de fase, mas o Fortaleza alegou ter sido prejudicado pela troca de fórmula da competição e dessa forma a CBF abriu mais duas vagas: uma para o time cearense e outra para o dono de melhor campanha entre os eliminados, no caso o Grêmio. Porém, a direção alegou prejuízos financeiros e desistiu de seguir na disputa.
— A disputa da segunda divisão pelo Grêmio em 1992 tinha um misto de viagem ao desconhecido com constrangimento. Talvez não estivesse tão presente o sentimento de humilhação, porque a garantia de volta demorou apenas dois meses. O objetivo era simples: ser terceiro lugar num grupo de oito. Viveu-se um clima de Gauchão com jogos fora do Estado. Ainda assim, com um favoritismo inconteste, houve lugar para crises como a troca de técnico nas primeiras rodadas ou a necessidade de uma goleada contra o fraquíssimo Operário de Várzea Grande para garantir a terceira posição na chave, o que valia o retorno à Série A — relata o repórter da Rádio Gaúcha, José Alberto Andrade, que acompanhou a saga gremista naquele ano.
Confira a campanha do Grêmio na Série B de 1992:
20 jogos
8 vitórias
6 empates
6 derrotas
29 gols pró
20 gols contra
Artilheiros: Alcindo: 6; Juninho e Caio: 5; Sinval, Cuca, Lira e Carlinhos: 2; Luciano, Alaércio, Caçapa, Biro-Biro e Jandir: 1.
9/2 - Campo Grande - Operário-MS 2 x 2 Grêmio
gols de Sinval (2)
12/2 - Várzea Grande - Operário-MT 0 x 2 Grêmio
gols de Juninho e Caio
16/2 - São José dos Campos - São José-SP 3 x 0 Grêmio
20/2 - Olímpico - Grêmio 0 x 1 América-MG
24/2 - Olímpico - Grêmio 2 x 0 Londrina
gols de Alcindo (2)
8/3 - Olímpico - Grêmio 0 x 0 Paraná
12/3 - Olímpico - Grêmio 2 x 1 Ponte Preta
gols de Alcindo e Luciano
18/3 - Belo Horizonte - América-MG 1 x 0 Grêmio
22/3 - Campinas - Ponte Preta 0 x 0 Grêmio
22/3 - Olímpico - Grêmio 2 x 1 Operário-MS
gols de Cuca e Caio
29/3 - Olímpico - Grêmio 3 x 1 São José-SP
gols de Alaércio e Juninho (2)
1/4 - Londrina - Londrina 1 x 1 Grêmio
gol de Lira
5/4 - Curitiba - Paraná 1 x 1 Grêmio
gol de Juninho
8/4 - Olímpico - Grêmio 7 x 1 Operário-MT
gols de Cuca, Lira, Carlinhos, Juninho, Caçapa, Biro-Biro e Caio
6/5 - Olímpico - Grêmio 0 x 1 Paraná
10/5 - Criciúma - Criciúma 2 x 0 Grêmio
13/5 - Curitiba - Coritiba 1 x 2 Grêmio
gols de Carlinhos e Jandir
20/5 - Curitiba - Paraná 2 x 1 Grêmio
gol de Alcindo
23/5 - Olímpico - Grêmio 1 x 1 Criciúma
gol de Alcindo
27/5 - Olímpico - Grêmio 3 x 0 Coritiba
gols de Alcindo e Caio (2)
Veja os jogadores que disputaram a Série B de 1992 pelo Grêmio:
20 jogos - Emerson Ferretti (G)
19 jogos - Jandir (V) e Caio (M)
17 jogos - Juninho (M) e Alcindo (A)
16 jogos - Lira (LE)
14 jogos - Chiquinho (LD), Vílson (Z)
13 jogos - Luciano (Z) e Wágner Fernandes (Z)
9 jogos - Cuca (M), Mabília (A) e Carlinhos (A)
8 jogos - Caçapa (V)
7 jogos - Grotto (Z), Assis (M)
6 jogos - Sinval (A) e Xará (LE)
5 jogos - Pino (V) e Alaércio (M)
4 jogos - João Marcelo (Z), Jamir (V) e Marcos Severo (A)
3 jogos - Alexandre (A) e Biro-Biro (M)
2 jogos - Tato (A) e Carlos Miguel (M)
1 jogo - Júnior Xavier (A) e Tico (A)
Também fizeram parte do grupo, mas não atuaram:
Danrlei (G), Chico (G), Ademir Maria (G), Murilo (G), Polaco (LD), Sandro Blum (Z), Lélis (LE) e Daniel (M)