Luís Henrique Benfica
O Grêmio sai ferido, mas ainda vivo de Buenos Aires. No caldeirão do Nuevo Gasómetro, perdeu sua terceira partida consecutiva, a primeira na Libertadores, por 1 a 0 para o San Lorenzo. Se resta um consolo, é o fato de a equipe ter voltado a ser combativa.
No jogo de volta, dia 30, na Arena, o Grêmio precisa vencer por dois gols de diferença para garantir a classificação. Se ganhar por 1 a 0, o time gaúcho leva a decisão para os pênaltis. O San Lorenzo avança com um empate, vitória ou derrota por um gol de diferença, desde que marque gols.
Obcecada pela Libertadores, a torcida do San Lorenzo tentou ajudar seu time do jeito que podia. Cantou o tempo todo, bateu tambores, aplaudiu, agitou faixas e bandeiras, xingou o árbitro, vaiou cada recuo do Grêmio. Toda arrancada de Correa, a jovem estrela do time, provocava agitação nas cadeiras e arquibancadas pintadas de vermelho e azul. Léo Gago, apavorado, derrubou a bandeirinha de escanteio ao tentar afastar uma bola.
A rigor, todo o time gaúcho parecia assustado. Aos 10, Geromel tentou cabecear, foi encoberto pela bola e Correa chutou com perigo. Da pressão argentina, resultaram três escanteios seguidos.
Pouco a pouco, mais adaptado ao ambiente, o Grêmio acalmou os nervos e passou a atacar. Percebeu-se, então, as fragilidades do San Lorenzo, um time muito menor do que sua torcida. Aplicados, Ramiro e Zé Roberto formavam uma dupla de marcadores na intermediária do San Lorenzo, tirando a tranquilidade argentina no instante do passe. Zé Roberto também usou sua experiência para quebrar o ritmo da partida. E Geromel cresceu, sem deixar saudades de Rhodolfo.
O primeiro chute demorou a sair. Foi de Pará, para fora, a 19 minutos. Mas este também era um sinal de que o Grêmio já havia superado o momento pior.
Com a velocidade habitual, Dudu passou a criar instabilidade entre os marcadores em investidas pela esquerda. Só faltava o melhor complemento. Como aos 24 minutos, quando ele recebu bom passe de Edinho e cruzou rasteiro para Barcos, que não conseguiu concluir.
O crescimento do Grêmio ficou mais visível ainda no princípio da segunda etapa. A 4 minutos, Zé Roberto fez passe preciso para Ramiro, que não conseguiu concluir. A resposta veio pouco depois, e fatal. Com liberdade, Correa entrou na área e fez 1 a 0.
Enderson, então, repetiu o que fizera no treino da véspera e trocou Ramiro por Luan, em busca do empate. Mesmo voluntarioso, o Grêmio não conseguia criar, traído pelos sucessivos passes errados. Dudu continuava a ser a única alternativa de ataque, mas agora parava nas faltas. Aos 28, Luan bateu falta e Barcos cabeceou sem direção.
A chance do empate veio no recuo errado para o goleiro Torrico. Aflitos, os torcedores se olhavam e não perdoavam Buffarini pela falha. Foram instantes de tensão, até que Barcos bateu longe e jogou fora a última chance.