Com 120 anos de história e marcado por pioneirismo, o cooperativismo de crédito é um dos ramos que mais cresce no Rio Grande do Sul dentro desse estilo de negócio, marcado por colaboração e a associação de pessoas em busca de um retorno comum. Em 2022, o faturamento do setor de crédito avançou 102%, segundo dados do Sistema Ocergs, que representa as cooperativas no Estado.
Em 2022, esse ramo de crédito, que conta com 77 cooperativas no Estado, anotou faturamento de R$ 17,3 bilhões. No ano anterior, a cifra ficou em R$ 8,6 bilhões. O presidente do Sistema Ocergs, Darci Pedro Hartmann, afirma que o salto no faturamento nesse grupo é explicado por dois fatores principais. O primeiro ocorre no âmbito da gestão e da ramificação do setor. O segundo movimento diz respeito ao comportamento dos indicadores econômicos do país:
— O cooperativismo de crédito está em todas as cidades do Rio Grande do Sul e também migrou para o setor urbano. Isso deu escala de volume. Tem também a questão dos juros, a questão do custo do dinheiro. Isso impacta negativamente no setor produtivo, mas gera rentabilidade maior no setor financeiro.
Nascida em 1966, a Cooperativa Minuano vive esse momento de expansão. O negócio começou atuando apenas com funcionários de uma empresa em Canoas. Nos últimos anos, expandiu a atuação para os setores metalmecânico, metalúrgico e de material elétrico na região. Maior número de pessoas buscando rentabilidade e aumento na demanda por crédito são alguns dos fatores que explicam a ampliação da operação, segundo a gerente da entidade, Marlise Helfensteller. A executiva destaca que esse processo impacta em crescimento da organização:
— A gente teve um crescimento de 30% no grupo associados nos últimos quatro anos.
O Rio Grande do Sul é o berço do cooperativismo de crédito no Brasil. Em 1902, nasceu na Serra a Caixa Rural, a atual Sicredi Pioneira. A entidade foi fundada por José Neumann Senior ao lado de outros 19 imigrantes alemães na tentativa de resolver o problema da falta de um banco e da dificuldade em conseguir empréstimos na região de Nova Petrópolis e a consequente dificuldade em conseguir empréstimos. A instituição, que completou 120 anos em dezembro do ano passado, é considerada a primeira cooperativa de crédito da América Latina.
O cooperativismo no Estado
Segundo levantamento mais recente do Sistema Ocergs, que leva em conta dados até dezembro de 2022, o Estado conta com 371 cooperativas, 3,5 milhões de associados e 76,5 mil empregados.
Somando todos os sete ramos, o cooperativismo gaúcho registrou faturamento recorde de R$ 81,9 bilhões em 2022, o que representa incremento de 14,9% ante o ano anterior. Números a serem bastante comemorados neste dia 1º de julho, Dia Internacional do Cooperativismo. Em termos de participação, a pesquisa do Sistema Ocergs mostra que o agronegócio segue com maior parcela do faturamento do cooperativismo no Estado, anotando R$ 52 bilhões em receitas em 2022 – 63,5% do total.
Olhando pelo lado do faturamento, o ramo de trabalho, produção de bens e serviços ocupa a segunda colocação em crescimento, com salto de 45,8% em 2022 ante 2021. Na sequência, aparece o segmento de transporte, com avanço de 24,1%. Pelo lado das sobras, que mostra a margem dos negócios, o ramo de produção de bens e serviços fica na dianteira, levando em conta o crescimento percentual.
O presidente do Sistema Ocergs afirma que os bons números do setor ocorrem em um cenário marcado por dificuldades econômicas. Para o futuro próximo, Hartmann estima cenário desafiador, mas que deve ser ultrapassado pela capacidade de gestão das cooperativas.
