
A indústria gaúcha começa o segundo trimestre do ano projetando menos empregos e investimentos, aponta a Sondagem Industrial de abril, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), nesta segunda-feira (27).
Alguns fatores colaboram para isso, segundo a pesquisa, a começar pelo recuo na produção. Ao alcançar 49,3 pontos, o índice ficou bem abaixo dos 52,2 de março, mas acima da média histórica de 48,8 para o período.
O mesmo ocorreu com o emprego na indústria, que caiu de 50,7 pontos no mês anterior para 48,4 (a média histórica é de 48). Porém, com ambos abaixo dos 50 pontos, sinalizam queda, embora sejam normais para o período, em razão de um menor número de dias úteis em abril na comparação com março.
“Com o quadro adverso para o setor, com um desempenho aquém na economia do país em 2019, os industriais gaúchos estão cada vez mais cautelosos”, diz o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry. Para efeitos de comparação, em abril de 2018, a produção e o emprego industrial estavam, respectivamente, em 51,3 e 50,9 pontos.
Outros indicadores da Sondagem Industrial mostraram um cenário mais desfavorável em abril. A utilização da capacidade instalada (UCI), em 69%, repetiu o patamar de fevereiro e março, ficando pouco aquém da média histórica de abril, de 69,9%. Mas permaneceu distante do nível normal: o índice UCI em relação a usual, que segue o critério de pontos, recuou de 45,2 para 43,1, em abril. Abaixo de 50, o índice revela utilização da capacidade inferior ao comum para o mês.
Mesmo com menor produção em abril, a indústria gaúcha não conseguiu ajustar todo o excedente de estoques acumulados no mês anterior. O indicador em relação planejado ficou em 52,3 pontos, 2,2 abaixo de março, mas ainda assim acima dos 50, que expressam estoques no nível planejado pelas empresas.
Com o resultado geral do levantamento, os industriais ficaram menos otimistas e já começam a prever demissões nos próximos seis meses. Houve reduções em todos indicadores de expectativas entre abril e maio: demanda (de 60,1 para 55,9 pontos), exportações (de 58,9 para 54,6) e compras de matérias-primas (de 57,1 para 54,1). O indicador de emprego (de 52,5 para 49) foi o único abaixo dos 50 pontos, que separam crescimento (quando acima), de queda (quando abaixo).
A intenção de investir da indústria gaúcha também sofreu ajuste expressivo na comparação entre os dois últimos meses: o índice caiu de 54,8 para 48,6 pontos. Em maio, apenas 49,7% das empresas revelaram intenção de investir nos próximos seis meses. No mês anterior eram 58,2%.
A pesquisa foi realizada com 186 empresas, 83 grandes, 61 médias e 42 pequenas, no período de 2 a 13 de maio.