Depois de o Produto Interno Bruto (PIB) apresentar a segunda alta seguida no país, analistas apontam que a retomada mais consistente da economia poderá ter impulso do consumo das famílias, que voltou a crescer, mas será afetada pelas dificuldades na consolidação de novos investimentos. No segundo trimestre, o PIB avançou 0,2% em relação aos três meses anteriores, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (1º).
Entre os setores, o único crescimento no segundo trimestre foi o de serviços, que avançou 0,6%, com a influência da alta de 1,4% no consumo das famílias, a primeira depois de nove trimestres. Na contramão, a indústria recuou 0,5%, e a taxa de investimento atingiu 15,5% do PIB, abaixo da observada em igual período do ano anterior (16,7%).
– A alta de 0,2% no resultado geral é mais um sinal positivo, mas temos de esperar ainda para falar em reação, até porque a economia é influenciada pela política. Tecnicamente, estamos saindo da recessão – avalia o economista Sergio Almeida, professor da Universidade de São Paulo.
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Para o pesquisador Julio Mereb, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas, o avanço de 0,2% indica que o "cenário mais tenebroso" da crise foi superado.
– A retomada na economia será liderada pelo consumo, já que o juro básico deve continuar a cair e há redução no endividamento das famílias. O destaque negativo é que o investimento segue em queda – analisa.
Na indústria brasileira, novos aportes são prejudicados pela grande capacidade ociosa das empresas, conforme o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin.
– Foi um trimestre muito fraco. Traz dificuldades para que a economia seja reativada. Enquanto houver grande capacidade ociosa nas empresas, não dá para esperar reação nos investimentos – sublinha.
Professor da PUCRS, o economista Adalmir Marquetti também afirma que a alta de 0,2% do PIB mostra que o pior estágio da crise ficou para trás. No entanto, observa que a retomada mais consistente será a passos curtos.
– Há setores que andam mais à frente dos outros. É uma retomada em movimento tímido, que deve seguir nos próximos meses, sem tantos novos investimentos por conta de incertezas. O próximo ano será de eleições – ressalta.